Cantando “ho ho ho” e desejando “Feliz Natal” um grupo de papais noéis realizou um protesto descontraído nesta segunda-feira (14) na praça Tiradentes, na região central do Rio.

O grupo, que estuda na Escola de Papai Noel do Brasil, tentava chamar a atenção de quem passava pelo local para a interdição do edifício Riqueza, fechado há dois anos, desde a explosão de um restaurante no prédio, o Filé Carioca.

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A sede da escola ficava no edifício, que mantinha outras 137 salas e sete lojas no local, antes do acidente. Na explosão, quatro pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas.

Apesar do Ministério Público já ter acusado dez pessoas formalmente, há um impasse entre os condôminos e a administração do prédio para a realização de obras.

 Bruna Fantti/Folhapress 
Papais noéis fazem protesto na praça Tiradentes, na região central do Rio, por conta do fechamento de prédio que explodiu há dois anos
Grupo faz protesto na praça Tiradentes, na região central do Rio, por conta do fechamento de prédio que explodiu há dois anos

“Há um seguro avaliado em R$ 4 milhões para reformas. Entramos com uma ação cível para resolver o problema, até porque não há uma transparência da própria Justiça sobre o motivo das obras ainda não terem sido liberadas”, afirmou o advogado Marcelo Bento, que defende os condôminos.

Com o prédio fechado, vários comerciantes tiveram que mudar o ponto ou até mesmo estão desempregados. É o caso do diretor teatral José de Alencar Neto, bisneto do escritor José de Alencar.

“Tinha um curso de teatro no prédio e com o dinheiro mantinha o centro cultural José de Alencar que fechou após o acidente, pois não tinha mais verba. Inclusive uma peça que estava em cartaz na época, ‘Pagador de Promessas’, do Dias Gomes, teve sua temporada encerrada. Agora vivo de bicos, mas ainda pago o IPTU e o condomínio no prédio, de R$ 150 mensais”.

A escola de Papai Noel funcionava no prédio há 25 anos e teve sua sede administrativa transferida para a zona oeste da cidade.

“Isso dificulta a procura das pessoas, até porque são idosos. Eles entregavam currículo aqui, era um ponto conhecido. Em 2011, tivemos uma queda de 40% na formação de papais noéis, por conta da desinformação. Nossos alunos trabalham em quase todos os shoppings do Rio”, lamentou Limachen Cherem, diretor do curso.

A primeira audiência sobre o embate entre a administração e os condôminos está marcada para dezembro. A Folha não conseguiu contato com representantes da administração.