O Ministério da Justiça da Itália informou nesta quinta-feira (21) que só vai analisar a extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato depois que ele for preso e o governo brasileiro fizer esse pedido.

É a primeira vez que o governo italiano se manifesta oficialmente sobre o caso. O ministério disse ainda que que não tem informações sobre o paradeiro de Pizzolato –não sabe nem mesmo se ele está na Itália. 

 “Por enquanto, Pizzolato é uma pessoa livre, não foi preso, e não sabemos onde ele está. Se ele for preso e o governo brasileiro pedir a sua extradição, vamos analisar as condições de uma extradição. Nossa competência começa a partir daí”, disse a assessoria do ministério à Folha.

Segundo a assessoria, uma eventual decisão política do governo sobre o caso só será tomada depois da discussão técnica na corte de apelo italiana quando começar o processo de extradição.

O ministério ainda frisou que não há como relacionar o caso do italiano Cesare Battisti, que, apesar de condenado na Itália por homicídio, recebeu autorização do governo brasileiro para ficar no Brasil.

CONDENAÇÃO

Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.

Ele é considerado foragido desde a semana passada. Em carta, disse que fugiu para a Itália, país em que também tem cidadania. Seus passaportes (o brasileiro e o italiano), porém, haviam sido apreendidos pela Polícia Federal.

Segundo relato de amigos, o ex-diretor viajou sem passaporte, com um documento provisório de viagem, emitido por um consulado.

A deputada ítalo-brasileira Renata Bueno solicitou informações ao Ministério do Interior da Itália sobre a eventual presença de Henrique Pizzolato naquele país e a documentação usada para a viagem. Na próxima semana ela estará na Itália, onde pretende tratar do assunto.

“Eu perguntei [ao ministério] exatamente isso: se foi emitido um segundo passaporte ou uma autorização de viagem, onde isso está registrado, em qual consulado e se há indícios da entrada ou da presença dele na Itália”, afirma Bueno.

Até agora, a deputada, que é nascida no Brasil e foi eleita para o Parlamento italiano em fevereiro, com 20 mil votos de cidadãos italianos que vivem no Brasil, não obteve resposta do ministro Angelino Alfano.

“Eu estou insistindo com o ministro diariamente. Mas eles estão tendo muita cautela nessa relação diplomática”, diz.

A deputada também entrou em contato com o Consulado-Geral da Itália em Curitiba, que tem jurisdição nos Estados do Paraná e de Santa Catarina.

Há a possibilidade de que Pizzolato tenha tirado sua cidadania e a eventual autorização para a viagem nesse consulado, já que é nascido em Santa Catarina.

O cônsul-geral, porém, informou à deputada que não poderia passar informações a respeito de Pizzolato, e que somente o Ministério do Interior responderia sobre o caso.

A Folha também entrou em contato com o consulado em Curitiba, mas não conseguiu obter informações. 

Editoria de Arte/Folhapress
A FUGA DE PIZZOLATO Como o ex-diretor do Banco do Brasil condenado no mensalão conseguiu escapar das autoridades