Há dez anos o Brasil vem coordenando o braço militar da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti. Desde então, tem obtido sucesso no trabalho desenvolvido por aquele país. Com bravura, o 2° tenente das Forças Armadas, Breno Robazzi Braga, de 26 anos, aceitou voluntariamente representar o Brasil na missão para a estabilização haitiana. O jovem é de Tupi Paulista, mas devido ao trabalho reside em Lins há quase dois anos.

Ao todo, serão 1.200 soldados do Exército, espalhados por todo país que participarão da missão. Destes, somente 140 são do 37º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lins (SP).
O militar pontua que a ida para o Haiti deverá contar pontos na carreira. “Será uma experiência de vida bem legal, pois poderemos pôr em prática muitas atividades, que apenas são desenvolvidas nos treinos”, acredita o jovem, que é 2° tenente, mas está indo para comandar o pelotão. “São 30 homens que eu treinei para o comando lá no Haiti”, diz.
Durante dois meses, os militares da companhia de Lins passaram por um treinamento rigoroso, em um cenário projetado no Rio de Janeiro sobre os perigos que podem enfrentar em campo no outro país; houve instruções de procedimentos, condutas e funcionalidades que deverão ser adotados na tropa.
Breno embarca no dia 30 deste mês para uma missão que deverá durar a princípio seis meses, mas que pode chegar a um ano. “A missão agora está mais tranquila, em vista do que já ocorreu com o país. O nosso trabalho envolve escolta de comboio, distribuição de alimentos, serviços humanitários, segurança e estaremos ajudando e auxiliando os policiais haitianos”, avalia.
Entre os treinos que podem ser utilizados em campo está o patrulhamento, ou seja, um grupo que envolve de 10 a 30 homens que percorrem as ruas e favelas do outro país, garantindo a segurança.
O militar destaca que há cidades onde não existem hospitais, em virtude disso, todos os militares envolvidos na missão de paz tiveram que aprender como se comportar caso haja necessidade de fazer um parto.
Outro procedimento que os militares tiveram que aprender para poder entender e falar o idioma dos haitianos é o créole, dialeto local falado por 80% da população daquele país.
O 2° tenente Robazzi enfatiza que para minimizar a saudade da família é disponibilizada uma sala intitulada ‘Alô Brasil’ com dez telefones, que fazem ligação gratuita. Há ainda acesso à internet a todos os militares brasileiros.
Recentemente, os militares que embarcarão para o Haiti receberam os primeiros gorros azuis, símbolo do soldado em missão de paz.
Todos os anos embarcam dois contingentes. A tropa que parte no final deste mês só deverá voltar para casa em meados de 2014, quando um novo grupo de militares do Brasil assume a missão de paz no Haiti.
Breno se formou em 2011, pela Academia Militar das Agulhas Negras, situada em Resende, no Rio de Janeiro. Ele é filho de Helder José Amaral Braga e Adriana.
HAITI – O Haiti está situado na América Central, no mar do Caribe e tem cerca de 9 milhões de habitantes. É um dos países mais pobres do mundo. A expectativa de vida é de 50 anos e metade da população não sabe ler e escrever. Cerca de 80% dos haitianos são de ascendência africana.
Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de proporções catastróficas, com magnitude sísmica 7,0 na escala de magnitude atingiu o país a aproximadamente 22 quilômetros da capital, Porto Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com magnitude em torno de 5.9 graus.
O palácio presidencial, várias escolas, hospitais e outras construções ficaram destruídos após o terremoto que deixou mais de 300 mil pessoas mortas. Segundo as Nações Unidas, o sismo foi o pior desastre já enfrentado pela organização desde sua criação em 1945.
Nas ruas de Porto Príncipe, a capital haitiana, é fácil encontrar adultos e crianças que falem algumas palavras em português. Nas regiões periféricas da cidade, militares fazem ações sociais e brincadeiras lúdicas, distribuem água potável e comida, ensinam crianças a escovar os dentes, pintar, desenhar.