Se o lance da Odebrecht para o aeroporto do Galeão extrapolou todas as análises e projeções de retorno de investimento, a proposta vencedora da CCR para Confins, em parceria com os operadores de Zurique e Munique, no valor de R$ 1,82 bilhão, ficou abaixo do limite estipulado pelo próprio consórcio.
Batizado de Aero Brasil, o consórcio havia feito a maior proposta inicial por Confins (R$ 1,4 bilhão), mas teve que disputar três rodadas de lance com o consórcio formado pela Queiroz Galvão e pela espanhola Ferrovial.
“Teríamos ido um pouco mais além se fosse preciso”, disse o diretor de negócios internacionais da Flughafen Zürich, Martin Fernandez.
“Foi um lance final realista e justo. Confins tem grande potencial em carga e passageiros, e o projeto de modernização do aeroporto conta com o apoio crucial do governo local”, completou.
Confins era a última oportunidade para a CCR entrar no setor de aeroportos no país.
Sociedade dos grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, com negócios em concessões de rodovias, a CCR era, até a realização do primeiro leilão de aeroportos, o único operador brasileiro privado do setor. Mas seus ativos estão todos no exterior: em aeroportos de Costa Rica, Equador e Curaçao.
A CCR é controladora do consórcio vencedor, com 75% do capital. Zurique tem 24%, e Munique, 1%. Eles vão deter a concessão de Confins por 30 anos.
O diretor da CCR Leonardo Vianna disse que uma das prioridades será atrair mais voos internacionais para que os mineiros não precisem ir ao Rio ou a São Paulo para viajar para o exterior.
A gestão privada de Confins e Galeão começa oficialmente no dia 17 de março, menos de três meses antes da abertura da Copa do Mundo. Os primeiros seis meses serão de transição, com a Infraero no comando.
“É melhor que a transição ocorra depois da Copa, para evitarmos problemas operacionais”, disse o presidente da Anac, Marcelo Guaranys. “Na transição, a Infraero continua a frente, mas com as regras da iniciativa privada.”
Segundo ele, o contrato prevê melhorias para os primeiros 30, 60 e 90 dias, como a instalação de novo sistema de placas e sinalização, reforma de banheiro e wi-fi.
O ministro Moreira Franco, da Aviação Civil, afirmou que é cedo para falar em novas concessões. “É hora de pensar em melhorar a gestão da Infraero nos aeroportos que vão continuar com ela.”
Ele afirmou que a estatal deve realizar uma licitação no ano que vem para contratar a consultoria de um operador privado para melhorar a gestão dos aeroportos remanescentes.