O Corpo de Bombeiros conseguiu retirar na manhã desta terça-feira (17) o índio Urutau José Guajajara, que estava havia cerca de 26 horas em cima de uma árvore na área do antigo prédio do Museu do Índio, no Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele foi encaminhado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, mas ainda não há informações sobre seu estado de saúde.

 Por volta das 10h45, os bombeiros iniciaram a operação com o objetivo de retirar Guajajara. Os militares subiram na árvore com uma escada e chegaram à copa com a ajuda de uma escada magirus.

Aos gritos de “não desce!” e “aldeia resiste!”, os cerca de 30 ativistas que estavam no local protestavam contra a tentativa dos bombeiros de retirar o indígena da árvore. A ocupação do prédio é denominada pelos manifestantes de Aldeia Maracanã.

O índio Urutau José Guajajara já está há mais de 24 horas em cima de uma árvore para resistir à desocupação do prédio do antigo Museu do Índio. Por volta das 8h30, os ativistas – localizados a uma distância de cinco metros da árvore, que estava cercada desde a manhã de segunda-feira (16) – conseguiram entregar a Urutau um pacote de biscoito de água e sal e água. A comida foi colocada dentro de um saco plástico, que foi arremessado com um barbante. Foi a primeira vez que o índio se alimentou desde a manhã de segunda, quando subiu na árvore.

Desocupação

Ontem, por volta das 8h, cerca de 150 policiais militares do Batalhão de Choque entraram no prédio e retiraram 30 pessoas. Os ocupantes acusaram os PMs de terem agido com truculência durante a desocupação, inclusive com spray de pimenta. Segundo eles, até uma mulher grávida teria sido agredida. Já a polícia alegou que precisou usar a força porque alguns manifestantes se recusaram a deixar o edifício.

 Todos os detidos foram levados em um micro-ônibus da PM para a 18.ª Delegacia de Polícia (Praça da Bandeira). Durante três horas, a pista sentido Praça da Bandeira da Avenida Radial Oeste ficou interditada.

Enquanto o imóvel era desocupado, Guajajara deu a volta no prédio e subiu na árvore. Um negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope)tentou convencê-lo a descer, sem sucesso. Ainda pela manhã, o delegado Fábio Barucke, da 18.ª DP, esteve no local, mas também não teve sucesso. E dois bombeiros usaram uma escada para conversar com ele. Mais uma vez, ele se recusou a descer.

Ativistas que apoiavam Guajajara hostilizavam PMs, bombeiros e repórteres. Houve vários momentos de tensão durante todo o dia. Às 12h30, a PM cercou a árvore onde o índio estava com grades. Para não serem retirados, alguns ativistas chegaram a sentar no chão. Os PMs utilizaram a força para retirá-los. Alguns foram carregados. No total, 26 pessoas foram detidas e levadas para a 18.ª DP.

 Versões

O governo do Estado alegou que a desocupação de ontem visava a cumprir uma ordem da Justiça Federal, de março deste ano. Já os indígenas mostraram um despacho da 7.ª Vara Federal, de setembro, em que o juiz Bruno Nery diz que o Estado desistiu da demolição do prédio do museu e o devolveu à comunidade indígena.

Por sua vez, a assessoria da Justiça Federal esclareceu que, em 14 de março, determinou a imissão de posse do prédio do antigo Museu do Índio, e que o mandado foi cumprido no dia 22 daquele mês. Ainda segundo a Justiça, não foi expedido nenhum outro mandado para reintegração da posse do imóvel.

Segundo o governo do Estado, o prédio do antigo Museu do Índio não será derrubado, e será transformado num Centro de Referência das Culturas Indígenas. (Com Agência Estado)