Em meio a música alta e rojões, camelôs e clientes disputam espaço com carros e motos na rua. A cena é comum na rua 25 de Março, tradicional ponto de comércio popular. O curioso é o horário: 4h15 da madrugada.
Além da proximidade do Natal, o aumento do fluxo de pessoas nessa feira improvisada é reflexo da pulverização do comércio popular noturno por São Paulo, desde o fechamento pela prefeitura da Feira da Madrugada do Brás –que só reabriu ontem.
Todos os dias, às 4h, centenas de camelôs surgem na 25 de Março com a mesma disposição que atuam no período da manhã.
Roberto Lopes, 23, que vende camisas de times de futebol, conta que os produtos comprados denunciam a origem dos clientes.
“Os times que mais saem são Fluminense e Flamengo. O pessoal do Rio de Janeiro compra muito por aqui”, explica ele. Além dos cariocas, a feira recebe muitos compradores do sul de Minas e interior de São Paulo, vindos quase sempre em excursões.
Um deles é Paulo Rodrigo Souza, 36, de Lins (a 430 km de São Paulo), que diz aproveitar o horário menos convencional para economizar.
“A vantagem de comprar durante a madrugada é o preço, que pode ser até 50% menor do que se eu comprasse durante a manhã.”
Souza, no entanto, reclama da falta de segurança e dos riscos de assalto no local.
A reportagem da Folha presenciou dois furtos, em duas noites. Não há qualquer policiamento na área. Um ambulante admitiu que durante a madrugada há pouca fiscalização de policiais e agentes da prefeitura.
Os primeiros PMs chegam à 25 de Março às 6h15 da manhã, já sob a luz do dia. Instantes antes, grande parte dos ambulantes já recolhe suas mercadorias.
A esta hora, as lojas estão abrindo e um novo fluxo de camelôs começa a chegar, para mais um turno de trabalho.
Editoria de Arte/Folhapress | ||