Uma professora de ensino fundamental, na Zona Rural de um município encravado no semiárido paraibano, que usa a carcaça de um computador velho para simular um aparelho de TV e narrar histórias dos livros aos seus alunos, foi uma das vencedoras do ‘Prêmio Professores do Brasil – 7ª edição’, na categoria ‘educação infantil’.
A professora Edjane Oliveira Gusmão, do 2º ano do ensino fundamental, da Escola Municipal José André da Rocha, localizada no sítio Jenipapo, Zona Rural de Lagoa Seca, concorreu com 3.220 outros relatos de experiências de educadores que trabalham em escolas da educação básica pública nos 27 estados do país.
Ao todo, 40 professores do Brasil foram premiados. Da Paraíba, a única representante é de Lagoa Seca, a 125 quilômetros da capital paraibana, na região metropolitana de Campina Grande.
O projeto da professora Edjane Oliveira, ‘Viajando no Mundo dos Livros’, incentiva a leitura entre os alunos e os familiares, procurando desenvolver uma melhor interpretação textual em seus diversos gêneros verbal e não verbal. Ela e seus alunos usam a criatividade para incentivar a leitura. Um caixa de papelão, que simula um aparelho de TV, é usada para a atividade pedagógica e atrai a atenção dos alunos para a história narrada nos livros.
O prêmio Professores do Brasil é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Básica, com o objetivo de reconhecer o mérito de professores das redes públicas e a contribuição deles para a melhoria da qualidade da educação básica.
Para Mônica Gardelli Franco, diretora de formulação de conteúdos educacionais da Secretaria de Educação Básica (SEB), muitos professores não acreditam que sua atividade docente mereça chegar à uma premiação ou deva ser compartilhada com os demais professores. “O prêmio dá oportunidade aos professores que tenham experiências exitosas possam apresentá-las”, afirmou.
Para Joelma Rocha, secretária de Educação de Lagoa Seca, essas práticas, como a de Edjane, fortalecem a educação. “O prêmio que hoje ela recebe é também do nosso município, e só temos que parabenizá-la pelo brilhante trabalho que vem sendo realizado com nossas crianças”, disse.
Na edição deste ano, o estado de Rondônia é o destaque com cinco experiências pedagógicas entre as 40 vencedoras. Foram selecionados trabalhos desenvolvidos em escolas publicas de educação básica de 16 estados e do Distrito Federal. Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul aparecem no prêmio com quatro projetos vencedores em cada estado.
Do conjunto de experiências que serão premiadas nesta quinta-feira (12), 20 tratam de temas livres nas categorias educação infantil, anos iniciais e anos finais do ensino fundamental, além de ensino médio. Outros 20 trabalhos abordam temas específicos indicados pelo Ministério da Educação no edital: ciências para os anos iniciais do ensino fundamental, alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental, educação integral e integrada e educação digital articulada ao desenvolvimento do currículo.
A entrega dos prêmios para as melhores experiências pedagógicas será nesta quinta, às 10h, no Teatro Brasil 21, em Brasília/DF. Na tarde da quinta e na sexta-feira (13), os educadores participam de um seminário no Hotel St. Peter.
Prêmios
Cada professor receberá R$ 6 mil, em dinheiro, independente da categoria em que tenha concorrido, um troféu e certificado. Existe também um prêmio extra de R$ 5 mil que será entrega a oito educadores, um em cada subcategoria: educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental, ensino médio, educação integral e integrada, ciências para os anos iniciais, alfabetização, educação digital articulada ao desenvolvimento do currículo. Os vencedores do prêmio extra serão conhecidos durante a cerimônia em Brasília. As escolas que desenvolveram os trabalhos receberão placa comemorativa.
Trajetória
Nas duas primeiras edições do Prêmio Professores do Brasil, em 2005 e 2007, participaram docentes da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. Em cada ano foram premiados 20 projetos. A partir de 2008, o prêmio foi estendido para toda a educação básica, incluindo os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio e o número de selecionados subiu para 40.
Semi-árido
Para a professora Edjane, o reconhecimento nacional do seu método de ensino é motivo de orgulho. Ela lembra que o município e pequeno e na zona rural as crianças enfrentam muitas dificuldades.
Lagoa Seca é um município do semi-árido paraibano, com pouco mais de 26 mil habitantes e uma área territorial de 109,3 quilômetros quadrados, sendo a densidade demográfica de 238,1 habitantes por quilômetro quadrado. O Índice de Desenvolvimento da cidade chega a 0,612 e tem um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em R$ 105.326,850 mil.
Atualmente, segundo a prefeitura local, há 33 escolas municipais, com 4.527 alunos no Ensino Fundamental, e também uma unidade de ensino estadual de ensino fundamental e médio nas quais estudam 1.588 alunos. Há ainda cinco escolas particulares com 700 alunos.
A economia local se baseia na pecuária e na agricultura, tendo como destaque as culturas de milho, feijão, mandioca, batatinha e batata doce.