O prefeito Fernando Haddad disse que o programa que tenta recuperar a região da cracolândia no centro de São Paulo acontecerá até mesmo se precisar ser feito “na marra”.

De acordo com ele, o serviço não foi abalado pela ação do Denarc (Departamento de Narcóticos) realizada ontem. O confronto entre policias e usuários de drogas deixou ao menos três dependentes e um policial ferido.

Hoje, segundo o prefeito, aqueles que participam da iniciativa que dá R$ 15 por semana para que sejam feitos serviços de zeladoria em São Paulo, se apresentaram normalmente hoje.

“Hoje a nossa determinação é retomar o programa conversando com os beneficiários e principalmente com os agentes de saúde e de assistência que ficaram evidentemente abalados com aquele ‘bombardeio’. E pode espernear que faremos aquele programa acontecer e ele vai acontecer”, disse o prefeito.

O discurso de hoje foi claramente mais brando por parte do prefeito. Ontem, durante entrevista chamada às pressas, horas depois do confronto entre policiais e usuários de drogas na Cracolândia, Haddad chegou a classificar a ação como ‘lamentável’.

“[A ação] rompeu um diálogo muito produtivo que o município tinha com o governo. Coloca em risco todo um trabalho que vinha sendo feito há seis meses no local”, disse Haddad na coletiva dessa quinta.

O confronto entre usuários de drogas e policiais civis durou cerca de 20 minutos.

PRISÕES

A Polícia Militar prende ao menos três pessoas por dia por tráfico de drogas na região conhecida como cracolândia, no centro de São Paulo. A informação foi divulgada pelo secretario de Segurança Urbana, Roberto Porto, em entrevista coletiva nesta manhã.

Segundo ele, além da prisão, uma “grande quantidade” de drogas foi apreendida desde o começo do programa “Braços Abertos” da prefeitura.

Porto elogiou a atuação da PM, que segundo ele é feita de maneira exemplar e não “desastrosa” como a feita pelo Denarc (Departamento de Narcóticos).

“A prisão de traficantes ninguém pode ser contra e isso vem sendo feito. Nós temos em média três prisões por dia de traficantes no local, sem qualquer problema.”, disse o secretário.

A Polícia Militar ainda não divulgou os números oficiais de prisões e apreensões de drogas feitas na cracolândia nesta última semana.

BALAS DE BORRACHA

Porto também contrariou a versão da Polícia Civil que disse que não usou bala de borracha na ação da tarde de ontem. Ele disse que presenciou policiais com escopetas que disparam munição não letal.

“Nós tivemos pessoas atendidas no ‘Braços Abertos’ relatando que foram atingidas por balas de borracha. Eu pude presenciar, na ocasião, policiais civis com a arma disparadora da bala de borracha. Agora se era para somente intimidar ou não eu não posso dizer”, afirmou.