“Vocês não estão congelando. Vocês estão fazendo história”, informa o site do jornal Chicago Tribune, o principal da maior cidade do Estado americano de Illinois.
Neste início de ano, os termômetros atingiram uma das menores temperaturas já registradas na cidade, conhecida por ser um dos pontos mais gelados dos EUA por causa da proximidade com o lago Michigan.
De acordo com o National Weather Service, na manhã de terça-feira (7) as temperaturas chegaram a -27º Celsius. Com os ventos de cerca de 40 quilômetros por hora e a umidade causada pela neve acumulada nas ruas, a sensação térmica chegou a -45º Celsius.
Com o frio, as escolas dispensaram 400 mil alunos, o aeroporto internacional O’Hare cancelou 1.600 voos e o centro da cidade ficou quase deserto. A companhia de trem Metra, que une o centro aos subúrbios, cancelou 25 linhas. A medida isolou parte da cidade e obrigou muita gente a faltar ao trabalho.
“Se você pode ficar dentro de casa, por favor faça-o”, foi a recomendação da área de Gerenciamento de Emergências e Comunicações de Chicago.
O prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, também foi a público reforçar o pedido de cautela. “A coisa mais importante que temos a fazer é ter precaução e encarar a severidade do frio seriamente”, disse.
O resultado foi que, desde o início da semana, as ruas de alguns bairros estão praticamente vazias.
Mesmo numa cidade habituada ao frio extremo, a restrição às atividades cotidianas é um fato novo em Chicago. “Moro aqui há 17 anos e esta é a primeira vez que sou orientado a não sair de casa por causa do frio”, diz o economista manauense Rafael Limongi Marques, 40.
Sair às ruas virou uma aventura. Os médicos recomendavam evitar qualquer exposição desnecessária ao frio, sob o risco de sofrer congelamento ou hipotermia. Apesar disso, alguns corajosos saíram de casa para ver as cenas pitorescas do frio siberiano. Uma delas, talvez a mais emblemática, é o lago Michigan, sólido como uma torta no congelador.
O estudante curitibano Renato Volpi, 27, mora há cinco anos em Chicago e já está habituado às baixas temperaturas. Na segunda-feira (6), porém, o frio trouxe um problema inesperado: parte do encanamento de seu apartamento congelou e ele ficou sem água fria durante oito horas. “Só a torneira quente funcionava, mas não dava para usar porque a água saía quase fervendo”, diz.
A saída foi esquentar os canos com um secador de cabelo. “Demorou um tempo, mas, por volta da meia-noite, a água fria começou a correr dos canos”, diz ele. Ao tentar sair de casa, Volpi enfrentou outra dificuldade, pois seu carro estava totalmente coberto de neve. “Foram 15 minutos para escavar a neve”, afirma.