Edson Lopes Jr./Divulgação
Cidades vizinhas disponibilizaram caminhões e retroescavadeiras para auxiliar na limpeza de Itaoca (SP)
“Graças a Deus, estamos todos bem. As perdas foram só materiais, mas ficamos sem móveis, eletrodomésticos, colchões… Em 12 anos que moro aqui, nunca vi isso”. O relato é do farmacêutico Victor Rafael Martins Borges, um dos 332 desalojados pela chuva e pelo transbordamento do rio Palmital em Itaoca, no Vale do Ribeira (SP) (a 344 km da capital paulista), entre a noite de domingo (12) e a madrugada de segunda-feira (13). O temporal causou a morte de ao menos 12 pessoas, segundo a Defesa Civil do Estado.
A casa onde mora com os pais e o irmão, no centro da cidade, foi uma das cerca de 100 moradias atingidas pela enxurrada. A 50 metros dali, na mesma avenida, fica a farmácia da qual é proprietário –e onde “nada se estragou” porque a porta de aço impediu a entrada de barro no estabelecimento.
“Eram umas 22h30, 23h de domingo quando a chuva começou. A água subiu muito rápido, em uns 15 minutos. Começamos a pôr no carro as coisas que pudemos e saímos. Estamos na casa de uma irmã, também no centro. Mas pretendemos permanecer aqui [em Itaoca]. É nossa terra”, diz Borges.
O comerciante Ricardo dos Santos, dono de uma oficina mecânica e de autopeças na região mais atingida pelas chuvas –a avenida Professor Elias Lages de Magalhães, no centro– calcula que terá de investir entre R$ 8.000 e R$ 10.000 na compra de novos equipamentos.
“Vou ter de comprar uma desmontadora de pneus e um balanceador de rodas. No elevador [para veículos], é só limpar o motor. Mas está tudo cheio de lama. Estamos puxando tudo com enxada e rodo porque não temos água”, relata Santos, que tem dois funcionários no estabelecimento.
Nascido em Itaoca, o comerciante viveu 16 anos em Curitiba (PR) e afirma ter retornado à terra natal há um ano e meio. Jamais viu chuva parecida, e comemora por sua casa não ter sido afetada: ele vive ali com os pais e três irmãos. “Ela também fica no centro, mas numa rua mais para dentro”.
Reflexo no turismo
O comerciante Ivan Edson, proprietário de uma pousada, não sofreu diretamente com a enxurrada. Apesar de seu estabelecimento se situar na região central, localiza-se num ponto a uma altura de cinco metros em relação ao local mais prejudicado pelas cheias, segundo ele.
Edson, porém, acredita que terá prejuízo financeiro com o provável decréscimo de visitantes à cidade –cuja recuperação deverá levar pelo menos seis meses, como disse nesta terça-feira ao UOL o prefeito Rafael Rodrigues de Camargo (PSD).
“Tanto por causa da chuva quanto do noticiário [sobre a inundação], deve haver menos turistas que vêm a Itaoca para visitar cavernas, cachoeiras, fazer rapel [descida de montanhas e morros com auxílio de cordas] e aonde motoqueiros vêm fazer trilhas”, conta o comerciante, que afirma ter abrigado pessoas na pousada durante o temporal.
Apoio à reconstrução
A Prefeitura de Itaoca pede doações de água, colchões, cobertores e alimentos, mediante contato com o Fundo Social de Solidariedade do município, pelo telefone (15) 3557-1143.
O município também solicita doações em dinheiro. Há uma conta corrente para depósitos em nome do Fundo Social de Solidariedade no banco Bradesco – agência 2027-13, conta número 1003321-7.
De acordo com a prefeitura, o prejuízo total causado à cidade foi de R$ 13,5 milhões, considerados danos a bens públicos e particulares.