As saídas de moeda estrangeira do país superaram as entradas em US$ 12,261 bilhões em 2013, informou o Banco Central nesta quarta-feira (8). É o pior resultado para o chamado fluxo cambial desde 2002, quando a conta ficou negativa em US$ 12,989 bilhões.
O resultado foi influenciado pelo forte saldo negativo da conta financeira –por onde passam os investimentos estrangeiros diretos e em portfólio, entre outros– de US$ 23,396 bilhões no ano passado. Só em dezembro, o desempenho ficou negativo em US$ 6,898 bilhões.
Já a conta comercial registrou, segundo o BC, entrada líquida de US$ 11,136 bilhões no ano passado, com o resultado de dezembro ficando negativo em US$ 1,881 bilhão.
O desempenho global do ano passado também é o primeiro negativo desde 2008, no auge da crise financeira global.
“O cenário internacional está mais complexo para o Brasil e para todos os países emergentes. Isso não significa uma fuga de capitais e não é esse o cenário adiante para o país, mas uma saída persistente a moderada”, afirmou o economista da Rosenberg & Associados Rafael Bistafa.
Resultado coincide com valorização do dólar no Brasil
O déficit no fluxo cambial de 2013 coincide com a forte valorização do dólar no Brasil, que acumulou alta de 15,11% ante o real, diante do crescente pessimismo de investidores com o desempenho da economia brasileira e da possibilidade de mudança no programa de estímulos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Em maio, o Fed deu os primeiros sinais de que poderia reduzir sua compra mensal de ativos de US$ 85 bilhões, o que reduziria a liquidez internacional. O anúncio efetivo de corte aconteceu somente em dezembro, o que deixou os mercados nervosos durante todos esses meses.
Diante desse cenário, o BC brasileiro iniciou em agosto passado forte programa de intervenção no mercado de câmbio por meio de leilões de contratos de swaps cambiais e de venda de dólares com compromisso de recompra.
(Com Reuters)