A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou ontem, 17, que vai apurar a denúncia de que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu teria falado ao celular no Complexo Penitenciário da Papuda, onde está preso desde 16 de novembro do ano passado, após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão.

Reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo” informou que Dirceu teria falado ao celular na semana passada com o secretário da Indústria, Comércio e Mineração do estado da Bahia, James Correia. A conversa, segundo o jornal, teria ocorrido no dia 6.
“Todas as informações veiculadas por meio da matéria serão alvo de um processo administrativo disciplinar aberto na manhã de hoje. O resultado da apuração deverá transcorrer ao longo do mês de janeiro e tem um prazo de até 30 dias para ser concluído”, informou a secretaria em nota.
Segundo a assessoria de imprensa da pasta, o resultado do processo será encaminhado à Vara de Execuções Penais (VEP).
Na tarde de ontem, o advogado de José Dirceu, José Luís Oliveira Lima, afirmou por meio de nota que o ex-ministro nega “enfaticamente” ter conversado com James Correia por meio de telefone celular.
“Em resposta às notas publicadas pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo, desta sexta-feira, 17.01, o ex-ministro José Dirceu nega enfaticamente que tenha conversado por telefone celular na semana passada com James Correia, secretário da Indústria, Comércio e Mineração do governo da Bahia. Meu cliente afirma também que tampouco recebeu qualquer visita que tenha usado o telefone celular em sua presença no interior da Papuda, o que violaria as regras para visitas no presídio, e que estuda tomar medidas judiciais cabíveis para reparação da verdade no caso”, diz a nota.
Em entrevista ao G1 na manhã de ontem, James Correia também negou que tivesse mantido qualquer contato telefônico com José Dirceu na Papuda. “Não existe isso. Eu nunca falei [com ele]. Nem eu, nem ninguém tem como entrar em um presídio desse tipo com um celular”, afirmou.
Correia disse ainda que não visitou o ex-ministro da Casa Civil no complexo penitenciário e não tem previsão de ir ao local, em razão de compromissos na agenda. “Ainda não houve oportunidade”, disse.
O secretário afirmou ter vínculos de amizade com José Dirceu e contou que suas filhas são amigas das filhas do ex-ministro. Correia contou, ainda, que costuma receber as filhas de Dirceu em sua casa na Bahia durante períodos festivos e férias.
“Soube através de amigos que ele está bem, lendo bastante, escrevendo muito, com uma rotina de atividades na biblioteca. Cumprindo o que a lei definiu”, respondeu o secretário, sobre as notícias que tem recebido sobre o amigo José Dirceu após a prisão.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do DF:
NOTA À IMPRENSA
Sobre a matéria publicada hoje (17/01) no jornal Folha de São Paulo sobre a suposta utilização de celular pelo apenado da Ação Nº 470, José Dirceu, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal esclarece que:
1) Todas as informações veiculadas por meio da matéria serão alvo de um processo administrativo disciplinar aberto na manhã de hoje. O resultado da apuração deverá transcorrer ao longo do mês de janeiro e tem um prazo de até 30 dias para ser concluído.
2) O resultado do processo será encaminhado à Vara de Execuções Penais (VEP).