A primeira greve de jogadores na história do futebol brasileiro nunca esteve tão perto de acontecer. Na última terça-feira, 4, a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, que é o sindicato dos jogadores, enviou notificação a algumas entidades sobre a chance da realização de uma paralisação dos atletas da Série A-1 do Campeonato Paulista na rodada do próximo final de semana.
De acordo com a tabela, essa rodada terá jogos de sexta, 7, a terça, 11. Foram notificados os 20 clubes da Série A-1 (a elite estadual), a Federação Paulista de Futebol (FPF), o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo, além dos Ministérios Público do Trabalho e a promotoria criminal.
No documento, o sindicato dos jogadores relata que o estopim para a paralisação foi a invasão de torcedores corintianos ao CT do clube, no final de semana, e que os atletas temem pela segurança nas próximas rodadas. Eles pedem segurança para os jogadores, mas também para todos os funcionários dos clubes. Esperam receber uma resposta até esta quarta-feira, 6.
A notificação, na avaliação do sindicato, é o documento capaz de proteger os jogadores na Justiça caso a paralisação aconteça de fato, já que não houve tempo para a realização de uma assembleia. O aviso de greve foi enviado mais de 48 horas antes do início da paralisação, como exige a lei. Mas o sindicato patronal dos clubes pode acionar o Tribunal Regional do Trabalho e questionar a paralisação sem ter acontecido a assembleia, outra exigência da lei.
“Faz 15 anos que tento greve, por vários motivos, entre eles segurança. Depende agora da mobilização dos atletas”, disse Rinaldo Martorelli, presidente do sindicato.
O sindicato e o Bom Senso (movimento de jogadores criado em 2013 para pedir mudanças no calendário nacional do futebol, entre outras alterações) estão tentando contatar os jogadores das equipes do interior para obter adesão total à paralisação.
“Os jogadores querem parar”, disse o lateral Paulo César, hoje sem clube e um dos líderes do Bom Senso.