Embora tenha chovido na Alta Paulista nos últimos dias, as temperaturas continuam altas e o tempo ainda pode ser considerado seco. Fato que tem deixado agricultores e produtores rurais cada vez mais preocupados na região.
Como principal agricultura regional, a cana-de-açúcar é fortemente prejudicada com a falta de chuva. Isso por que as chuvas no período do verão são essenciais para o crescimento da cana, que será colhida na safra 2014/2015.
O proprietário da Usina Branco Peres, de Adamantina, William Branco Peres, concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Regional para falar sobre este e outros assuntos referentes a indústria sucroalcooleira.
Segundo o empresário, a seca prolongada irá atrasar o início da safra de 2014, que na grande maioria das indústrias do setor, estava prevista para começar em 1º de abril. Branco Peres explica que, a seca e as altas temperaturas não favoreceram o crescimento adequado do canavial.
Embora as previsões meteorológicas indiquem mais chuva nesta segunda quinzena de fevereiro, a falta dela no mês de dezembro e janeiro, já representam perdas na safra. É provável que seja da ordem de 15% a 20%, nas áreas afetadas por está condição climática. Uma das alternativas que se apresentam, é de adiar o início da safra para permitir o crescimento do canavial com as chuvas que deverão vir.
Indagado sobre os altos preços do etanol, o empresário citou algumas razões que contribuíram para o alto custo do produto. “Sem dúvida se deve a produtividade agrícola”, diz o empresário.
“Com a introdução da colheita mecanizada, em função da proibição da queima de canaviais, após 2014, essa tecnologia nova teve que ser introduzida velozmente no setor, criando diversos problemas que até então desconhecíamos, como por exemplo, a compactação do solo, surgimento de novas pragas, que eram eliminadas pelas queimadas e hoje estão disseminadas pelos canaviais. O fator preço da gasolina, que a Petrobras quer manter o mais baixo possível, inviabilizando inclusive esta empresa, que era a terceira maior do mundo na área petrolífera e hoje vemos que suas ações nas bolsas caíram muito, perdendo sua posição no ranking. Isto acontece exclusivamente por motivos eleitoreiros”, afirma Branco Peres.
Ele também comenta sobre possível aumento de desemprego na região devido à extinção do corte de cana manual. “Tenho a impressão que não vai ser problema, pois não vemos excesso de mão de obra em nosso setor. Muitos funcionários foram relocados dentro da própria indústria e a maioria ainda está no setor agrícola das empresas. Criaram-se novos postos de trabalho com a mecanização, tratoristas, operadores de máquinas, motoristas de caminhões, etc. Acho mesmo que se precisássemos voltar ao corte manual, não seria mais possível, não creio que exista mais aquela quantidade de cortadores de cana que tínhamos no passado”, finaliza.