Diferente do que muitos pensam o tempo seco acompanhado da falta de chuva há vários dias, não tem sido o grande vilão da qualidade das hortaliças neste início de ano. Muito consumida pelos brasileiros, encontrar um pé de alface com qualidade nos supermercados ou na feira tem sido cada vez mais raro nas últimas semanas.
Segundo informações do produtor Edson Araújo, morador de Dracena, o motivo da queda da qualidade deve-se a um vírus que atacou no final do ano passado, as lavouras de hortaliças da maioria dos produtores da região. “O tempo quente não está sendo o problema, os produtores de hortaliças já estão acostumados com o clima quente do verão e outono. A dificuldade maior foi o vírus transmitido pela mosca branca que atacou os pés da alface, impedindo o crescimento normal da hortaliça. Anteriormente já havia ocorrido esse tipo de vírus nas plantações, no entanto, surpreendemo-nos como a doença ocorreu desta última vez, foram mais de 50 dias lutando para combater a praga, sem conseguir grandes resultados”, explicou o produtor que afirmou ainda que o prejuízo chegou a 50% do que era esperado para a produção.
Edson pontua que o vírus transmitido no final do ano passado e que ainda atacou no mês passado, foi o maior já visto por ele que é produtor em Dracena há mais de 20 anos.
Para exterminar de vez a doença, o agricultor teve que pulverizar a plantação, sem atingir diretamente o plantio das alfaces. O problema é que, além de perder vários pés da hortaliça, com a falta do produto, a consequência chegou ao bolso dos consumidores que estão tendo que pagar pelo produto R$ 0,50 a mais, do que estavam acostumados a comprar. O preço que era vendido por R$ 2,50 o maço, chega a ser encontrado a R$ 3, com qualidade bem inferior do esperado pelo consumidor.
A boa notícia é que o preço não demorará a cair. A expectativa é que até o final deste mês, as hortaliças estejam novamente com vigor e qualidade e que o preço tende a cair. “Com a ação de pulverizar a plantação, percebemos que já diminuiu bem, as alfaces que apresentam o vírus. Os pés contaminados são retirados imediatamente da produção”, avisou.
CALOR – Em épocas quentes o produtor utiliza bombas de irrigação para molhar todo o plantio, que além das alfaces, ainda conta com produção de almeirão, rúcula, couve e cheiro verde, em uma área de seis mil metros. Por dia, a plantação chega a ser irrigada, oito vezes, por aproximadamente um minuto de duração, para não murchar e se desenvolver melhor. “É melhor trabalhar com o sol, do que com o tempo chuvoso, as folhas não suportam tanta a água”, enfatizou Araújo.
No verão e outono, utiliza-se a água 40% a mais se comparado com outras épocas do ano. No inverno, a irrigação ocorre no máximo três vezes ao dia.
Além da água irrigada que chega a plantação através do poço artesiano instalado na propriedade, há um reservatório de 80 mil litros de água que posteriormente é distribuída para as bombas de irrigação. Outra medida adotada pelo produtor foi colocar caroços de acerola triturados espalhados por todo o plantio, para manter a umidade da terra, além de outros tipos de adubação.
Em épocas quentes, cerca de 350 maços de alface chegam a ser recolhidos por semana, no plantio de Edson Araújo. Toda semana, a lavoura é renovada com sementes de alface que demoram em média três dias para serem colhidas e após plantados novos pés.
No inverno o plantio chega a ser reduzido em 50%, devido ao menor consumo em dias de frio.