Neste sábado, 8, é comemorado o Dia Internacional da Mulher e para registrar a data, o Jornal Regional homenageia a adamantinense Toshie Matsuda, esposa de Takeshi Matsuda, 80.
Ela nasceu em um distrito chamado Amadeu Amaral, que pertence à cidade de Marília. Mudou-se para Adamantina em 1949 com sua família, que havia investido em uma propriedade rural com diversas plantações, no bairro Tucuruvi.
Às vésperas de completar 70 anos de idade, a ex-atleta Toshie Matsuda falou em entrevista exclusiva ao Jornal Regional, sobre sua trajetória e dedicação ao atletismo da Colônia Japonesa de Adamantina, trabalho que é desenvolvido até hoje com crianças do município.
Desde os 12 anos de idade que Toshie pratica este esporte. Ela conta que tudo começou no bairro Tucuruvi, com suas participações em competições da região. “Os treinos eram à beira da estrada mesmo”, lembra.
Foi no esporte que ela conheceu seu esposo, Takeshi Matsuda, que também era atleta. Antes de namorar, os dois foram amigos. “Nós vivíamos junto, treinando, brincando. Ele me ensinou a dançar”, diz.
Quando completou 19 anos se casou e veio morar na zona urbana. Neste período, Toshie parou de competir e de participar do atletismo para se dedicar ao lar e a família. O casal tem três filhos, Roberto, Ricardo e Miriam. E foi pelos filhos, que em 1980, o casal retomou o atletismo, que estava extinto na colônia japonesa. “O meu filho não queria saber de praticar nenhum esporte e eu não me conformava e sempre perguntava: Mas como não gostar de nenhum esporte? Tem que haver algum que ele goste. Fomos até Bastos (que era a cidade com equipe de atletismo mais próxima) para saber como estava o esporte na cidade. Conhecemos o presidente da Liga Regional que nos incentivou a retomar o atletismo”, revela. “Foi aí que meu filho começou a praticar esporte. Ele e uns dez amigos foram à primeira turma”, lembra.
Desde então, “dona Toshie” ou “Obasan”, como é carinhosamente chamada pelas crianças, treina a ala mirim de 5 a 10 anos, da equipe de atletismo da Acrea (Associação Cultural Recreativa e Esportiva de Adamantina).
Centenas de crianças, hoje adultas, passaram pela Associação. A esportista revela que já teve turmas com mais de 80 atletas. No ano passado, a equipe estava com 70. Todos os anos são organizados grupos, para participar de competições que são realizadas em São Paulo e também em cidades do interior paulista.
Nos dias de treinos, que são de segunda a sábado, ela se responsabiliza também em buscar e levar embora as crianças para suas casas. “Sempre foi assim. Até hoje busco todas as crianças que não tem com quem ir aos treinos”, conta.
Este ano, o seu trabalho completa 34 anos e é lembrado com orgulho por dona Toshie. Ela diz não ser fácil trabalhar com crianças, requer paciência e ‘jogo de cintura’, mas é algo muito gratificante, pois traz resultados positivos no futuro. “Não dá pra parar, a gente vê o resultado. Muitas crianças chegam agitadas, desatentas, indisciplinadas e no final elas saem outras pessoas. O esporte faz isso com as pessoas”, afirma.
Ao longo destas três décadas, muitos começaram na Acrea e se tornaram atletas profissionais, alguns até participaram de Olimpíadas. Outros, porém, seguiram outros caminhos, outras profissões, segundo Toshie. “O que mais me orgulha é saber que todos seguiram o caminho do bem. Isso já vale à pena”, enfatiza.
Na estante de sua casa, há uma coleção de troféus e medalhas que foram guardadas com carinho e que marcam as conquistas de cada equipe que passou por eles.
Atualmente ela não pratica mais esportes devido ao seu problema de hérnia de disco, mas nem por isso, deixou de levar uma vida de atleta. Ela conta que acorda cedo todos os dias para fazer caminhada: “isso é sagrado e tem que ser de manhã. Já meu marido, gosta de ir à tarde”. Além deste hábito, a alimentação balanceada é prioridade nas refeições da casa.
Sua vaidade é discreta. “Pintar o cabelo e fazer limpeza de pele regularmente, são duas coisas que não abro mão”, revela. Ela diz que zela por sua pele e por isso passa protetor solar diariamente.
Nas horas vagas, ela gosta de mexer com artesanato e plantas, especialmente orquídeas. Em sua residência coleciona cerca de 70 tipos de plantas. Aos finais de semana, o jogo de baralho é “sagrado”, como dona Toshie mesmo enfatiza. Ela, o marido e uma turma de amigos aposentados se reúnem para se distrair com o jogo.
Muito ativa e bem disposta, Toshie diz não se sentir com 70 anos: “Parece mentira”, finaliza.