Autoridades da Crimeia anunciaram nesta quinta-feira (6) que consideram que o território autônomo já faz parte da Rússia, depois de o Parlamento regional ter aprovado por unanimidade a incorporação

O Parlamento pediu ainda ajuda à Rússia para apressar o processo de integração e convocou um referendo, antecipado para 16 de março, sobre o processo.

Mas o governo interino da Ucrânia afirma que a decisão não tem base legal.

“A decisão sobre a unificação da Crimeia à Rússia entra em vigor no momento de sua adoção, ou seja, a partir de hoje [quinta-feira, 6]”, disse vice-premiê da Crimeia, Ruslan Temirgaliev.

 O vice-primeiro-ministro, além disso, disse que o referendo sobre a reunificação com a Federação da Rússia  é necessário “para que os cidadãos da Crimeia referendem essa decisão do Parlamento” regional.

“Ninguém está falando em guerra, ninguém quer a guerra”, disse Temirgaliev, que acrescentou que a partir desta quinta, as Forças Armadas russas enviadas à península, que fazia parte da Rússia até 1954, serão consideradas legais, e o restante, “de ocupação”.

O vice-premiê da Crimeia estimou que mais de 70% da população votarão a favor da reunificação com a Rússia, e assegurou que, caso contrário, “o Conselho Superior da Crimeia se dissolverá como um órgão que não conta com a confiança” de seus cidadãos.

Por outro lado, o presidente do Conselho Superior crimeano, Vladimir Konstantínov, assegurou que a decisão sobre o referendo foi adotada com a esperança de que os russos iniciem os procedimentos jurídicos para a reunificação do território com a Rússia.

O vice-presidente do Parlamento da Crimeia, Sergei Tsekov, argumentou a precipitada decisão da Câmara dos Deputados com “as ameaças” de Kiev.

“Se não houvesse contínuas ameaças por parte de nossas ilegítimas autoridades da Ucrânia, provavelmente teríamos ido pelo caminho que havíamos escolhido antes (ampliação da autonomia dentro da Ucrânia). Mas dado o acúmulo de ameaças – não só ameaças mas também ações concretas – adotamos essa decisão”, disse Tsékov.

O presidente russo, Vladimir Putin, foi informado sobre o desejo da Crimeia de se reincorporar à Federação Russa, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A Crimeia é povoada por cerca de 2 milhões de pessoas, das quais 60% são russos, 26% ucranianos e 12% tártaros, favoráveis a manter a região dentro da Ucrânia.

As novas autoridades de Kiev não reconhecem o Governo “títere” de Simferopol, que, por sua vez, considera ilegítimo o Executivo central, e continuam considerando como o presidente da Ucrânia o deposto Viktor Yanukovich, refugiado na Rússia.