RIO – A economista da Standard&Poor’s Lisa Schineller ressaltou, em teleconferência nesta terça-feira, os riscos do setor elétrico como um dos principais problemas enfrentados atualmente pelo país. Segundo ela, os subsídios dados ao setor vão pressionar o orçamento do governo. Ela também citou a trajetória de alta da dívida do governo, deixando o país mais vulnerável para os próximos anos.

A agência internacional de classificação de risco anunciou nesta segunda-feira o rebaixamento do rating soberano do Brasil, de “BBB” para “BBB-”, encerrando uma década de elevações da nota brasileira e surpreendendo o governo e o mercado, que não esperavam tal medida antes das eleições presidenciais. A nota deixa o Brasil ainda com grau de investimento, mas no menor patamar desta categoria.

— Porém, o mais importante é a perspectiva estável do rating do país. Vemos um crescimento mais baixo para este ano, de 1,8% — disse Lisa.

Eletrobras, Petrobras já foram rebaixadas, lembrou Lisa.

— Esperamos anunciar mais rebaixamentos nos próximos dias — completou Lisa.

Há menos de duas semanas, representantes da agência se reuniram e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini.

 

 

No comunicado sobre o corte, a agência citou o débil crescimento econômico e uma política fiscal expansionista, que vem elevando os níveis de endividamento do país. Além do fraco crescimento, a S&P cita sinais mistos do governo, com efeitos nocivos para o quadro fiscal e a credibilidade da política econômica. A agência calcula que o crescimento do Brasil cairá de 2,3%, no ano passado, para 1,8% em 2014. Apesar disso, a S&P manteve a perspectiva estável para o rating brasileiro.

Apesar da ameaça feita em 2013 pela agência, quando colocou o rating em perspectiva negativa, o governo brasileiro não esperava que o rebaixamento ocorresse no primeiro trimestre. O corte pegou Ministério da Fazenda, Banco Central e Palácio do Planalto de surpresa.

O rebaixamento complica ainda mais a conjuntura turbulenta pré-campanha que já tem polêmica com PMDB, denúncias que envolvem a Petrobras e alta de juros. Para os técnicos, esta terça-feira será um dia crucial para sentir os estragos feitos pela decisão da S&P. O Banco Central (BC) acompanhará de perto cada reação do mercado financeiro para se programar para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem.

O governo criticou duramente a decisão da S&P. Por meio de nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a mudança na avaliação do país é “inconsistente com as condições da economia” e “contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil”.