Não vou falar sobre a tragédia da qual papai e eu fomos vítimas, mas sim das lições que tirei do acontecimento.
Como já disse Mahatma Gandhi: Violência gera mais Violência. Primeiro é necessário e mais importante manter a calma, não importa o que estiver acontecendo, para que isto aconteça você deve manter-se no presente.
A respiração sua deve ser longa e demorada, para evitar aumento de batimentos cardíacos, que se aumentados forem poderão tirá-lo de seu centro de raciocínio. Enquanto respira, pense em Jesus, Nossa Senhora, São Francisco, etc. Peça ajuda a eles…
Não faça movimentos bruscos, obedeça, não entre em pane e chore, não é hora disto. Os assaltantes gritam o tempo todo, não grite, fale baixo, e continue respirando.
Em segundo lugar dê tudo o que eles pedirem, se for pouco, você vai sofrer agressões, não grite, continue orando, principalmente se eles estiverem armados, se sua hora não tiver chegado você vai sair desta, entregue nas mãos de Deus. Eu nunca tive medo da morte, porque acredito que quem morre é meu corpo, eu continuo viva em Espírito.
Pensando assim, quando fomos ameaçados por eles pela morte, ergui os olhos para o teto do quarto onde nos encontrávamos, eu vi uma cortina de luz dourada protegendo a mim e a meu pai. Não vi nenhum de nossos parentes já falecidos, assim entendi, que não iríamos morrer, que a cortina de luz era nossa proteção. Continuamos firmes suportando tudo, até que acabou.
Em terceiro lugar como sou espiritualista, raciocinei da seguinte forma: A – Estou passando por isto, porque posso ter feito algo semelhante à outra pessoa, em uma vida minha passada. B – Posso não ter feito isto, mas ter pedido para passar por isto e através do sofrimento evoluir; mas esta evolução dependerá de como eu reagirei em relação aos fatos. C – Pode também, serem várias outras coisas, que eu não consiga imaginar, mas que agora não vem ao caso.
Em quarto lugar
o sentimento da raiva, ódio, vingança, dependendo de sua reação estará presente dentro de você, se você assim escolher.
Assim como o amor, a compaixão, a compreensão, também estará com você neste momento. A raiva um sentimento ruim, que estará dentro de você, e não atingirá o agressor. Este sentimento, dentro de nós faz mais mal a nós mesmos, do que a quem seja dirigido. É melhor orar pelo agressor, e pedir que Deus o ajude a percorrer o difícil caminho que ele escolheu, tenha certeza, ele vai precisar.
Jesus disse para orarmos pelos nossos inimigos, que é o mais difícil. E Deus não abandona nenhum de seus filhos, todos sabem disso. Assim agindo você permanece livre, você vai sarar, pode continuar sua vida em liberdade, e como disse Chico Xavier: Nesta vida tudo passa.
Leio muito em livros e em outras fontes, que nos ensinam que por pior que seja a situação, se tivermos compaixão, e tomarmos nossas decisões na calma, dificilmente erraremos na escolha.
Eu escolhi o perdão, porque para mim eles estavam drogados. São frutos de uma sociedade doente. Eu escolhi a compaixão, porque quando nos colocamos no lugar do outro, podemos entender melhor a situação e aceitá-la com mais facilidade.
E agindo assim, apesar das dores, e dos cortes, quando tudo terminou restou apenas um sentimento de paz muito grande, havíamos vencido nossa maior prova. Agora era só cuidar dos ferimentos.
Eu entendo perfeitamente a reação das pessoas. Pude perceber como somos amados, queridos pela população, mas peço, mudem a faixa vibratória de vossos pensamentos. Deus está mais acima de todas essas atitudes que nós seres humanos cometemos. Ele tudo pode, então nos esforcemos para chegar o mais próximo dele, que pudermos.
Nós somos nossos pensamentos, então cuidemos para que sejam sempre os melhores. Não temos o controle de nada, mas podemos nos ajudar estando sintonizados com a faixa vibratória do bem, ela nos protege.
Não temos o direito de desejar o mal ao outro, muito menos a morte. Na Bíblia tem uma passagem que diz: “Cada um colhe o que plantar”. O próprio tempo se encarregará disto, Deus sabe o que faz, e nada é por acaso. Quero agradecer a todas as pessoas que nos auxiliaram, vizinhos, amigos, funcionários, todos, não vou citar nomes para não esquecer-me de ninguém.
Na Santa Casa, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, foram além da medicina, era só amor. Dr. Adelino, Dr. Cássio que nos socorreram de imediato; Dr. Joel Gama, estava quase chegando a Dracena quando soube, voltou para Tupi para ajudar, Dr. José Flavio Guerra, também saiu do descanso de sua casa e Dr. Edson.
Minha gratidão a Dra. Carla, que junto com a enfermeira Natália Padovani foi comigo na ambulância até Prudente, só para me acompanhar.
No Hospital Iamada em Presidente Prudente, aconteceu da mesma forma. Dr. Bruno estava esperando-me, para levar-me para a UTI. Lá o mesmo tratamento, de toda a equipe, muito amor.
Depois disto tudo, parei para refletir, porque nós seres humanos não agimos desta forma todos os dias, com todas as pessoas, em todos os lugares. Parem para pensar como o mundo seria diferente. Aí está a paz e o mundo melhor que todos procuramos.
Fica minha reflexão, e este aprendizado para cada um também refletir sobre isto.
Papai e Eu estamos bem. Tudo já passou. Nossa gratidão infinita a todos que nos ajudaram. Que Deus continue abençoando a todos. Luz muita luz!
“Ser forte não significa ter músculos possantes, nem ser muito rico, nem ter prestígio ou alta posição econômica e social. Ser forte significa ser capaz de suportar o peso das dificuldades da vida sem vacilar.” (Paulo e Lauro Raful)
O verdadeiro desprendimento nada mais é do que o espírito manter-se inabalável diante de qualquer sentimento que sobrevenha; seja de amor, de sofrimento, de consideração, de difamação ou de injúria, assim como uma montanha de chumbo permanece inabalável diante de um fraco vento.
Esse desprendimento eleva o ser humano até a maior igualdade com Deus, porque Deus é Deus por causa de seu desprendimento inabalável, e o seu desprendimento é a origem da sua pureza, de sua simplicidade e de sua imutabilidade. (Mestre Eckhart – meditação diária)
*moradora de Tupi Paulista