O chefe da aviação civil da Malásia afirmou nesta segunda-feira (10) que a localização do avião da companhia aérea Malaysia Airlines que desapareceu no Mar do Sul da China no último sábado permanece um “mistério”.
Segundo Azharuddin Abdul Rahman, as autoridades não descartaram que o sumiço esteja ligado a um eventual sequestro da aeronave.
Ele acrescentou que não houve confirmação de que destroços do avião foram vistos no sul da China.
O voo MH370, da Malaysia Airlines, com destino a Pequim, na China, sumiu dos radares no último sábado, com 239 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes.
Familiares dos passageiros desaparecidos foram orientados a se preparar para o pior.
Rahman afirmou a jornalistas em Kuala Lumpur, na Malásia que “infelizmente, não achamos nada que aparente ser objeto da aeronave ou mesmo o próprio avião desaparecido”.
Ele acrescentou que as autoridades do país vêm intensificando os esforços para localizar a aeronave, e a busca vai demorar “o tempo que for necessário”.
“Nós estamos a toda hora, a todo segundo revistando cada pedaço do mar”.
Mais cedo, helicópteros foram enviados ao sul do Vietnã onde um objeto amarelo semelhante a um bote salva-vidas teria sido avistado. Segundo autoridades do Vietnã, no entanto, o objeto era, na verdade, a tampa de um carretel coberta de limo. Ainda não se sabe se ele pertenceria ao avião.
Nove países diferentes, com 40 navios e 34 jatos, participam das operações de buscas nos mares do Vietnã e da Malásia.
Reprodução de site mostra a última posição informada do voo MH370, da Malaysian Airlines, em vermelho. De acordo com o portal flightradar, o último contato aconteceu 40 minutos após o voo, já a Malaysian Airlines fala em cerca de 1 hora
A BBC preparou uma lista de perguntas e respostas sobre o que já se sabe sobre o episódio.
Quem estava a bordo?
Havia 227 passageiros a bordo, incluindo 153 chineses e 38 malasianos. Dois deles eram crianças. Todos os 12 tripulantes eram malasianos.
Entre os cidadãos de origem chinesa, havia uma delegação de 19 artistas que tinha se apresentado em Kuala Lumpur.
Também já é sabido que dois passageiros do sexo masculino estavam viajando com passaportes roubados de um austríaco e um italiano.
Os documentos foram furtados na Tailândia, em 2012 e 2013, respectivamente, afirmou a Interpol, a polícia internacional, em um comunicado. Os dois passageiros embarcariam para a Europa após uma conexão em Pequim.
Quando o último contato foi feito?
O voo MH370 partiu do aeroporto internacional de Kuala Lumpur às 00h41 hora local no último sábado (15h41 horário de Brasília) e deveria pousar em Pequim às 6h30. Os controladores de tráfego aéreo perderam o contato com o avião à 1h30.
Em um horário ainda não revelado, um parente teria conseguido telefonar a um dos passageiros, que carregava um celular de Cingapura. A Malaysia Airlines tentou por diversas vezes ligar para o mesmo número, mas a chamada não foi completada.
Em que lugar o avião desapareceu?
A aeronave desapareceu sobre o Mar do Sul da China, ao sul da península Ca Mau do Vietnã. Pelo itinerário normal, o avião deveria seguir ao Camboja e ao Vietnã antes de entrar no espaço aéreo chinês.
Nenhuma chamada de emergência ou mensagem foi enviada à torre de controle, mas se acredita que o avião teria saído de sua rota, talvez com destino ao Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur.
Já foi achado algum vestígio do avião?
Equipes vêm realizando buscas nas águas ao leste da Malásia, no Mar do Sul da China, nos estreitos de Malacca, assim como a costa oeste da Malásia.
Não houve confirmação de que algum destroço tenha sido confirmado embora um avião do Vietnã teria avistado dois objetos que se assemelhavam ao que seriam restos da aeronave a 80 quilômetros ao sudoeste da ilha de Tho Chu.
Quais são as principais linhas de investigação?
Tragédias aéreas normalmente envolvem fenômenos climáticos, erros humanos ou problemas técnicos.
As condições meteorológicas, no entanto, eram boas e o piloto, de 53 anos, tinha mais de 18 mil horas de experiência de voo. Ele integrava os quadros da companhia desde 1981.
A Malaysia Airlines tem um bom histórico de segurança e o jato, um Boeing 777-200ER, é considerado um dos mais seguros por causa de sua moderna tecnologia.
Uma das pontas das asas da aeronave quebrou ao taxiar, em 2012, mas foi reparada e certificada como segura.
David Learmount, editor de segurança e de operações do site Flight Global, especializado no setor aéreo, afirmou à BBC News que “as aeronaves de hoje são incrivelmente confiáveis, o que reduz muito o risco de que uma falha estrutural imediata aconteça durante o voo. Simplesmente isso não acontece. Não acontece”.
O desaparecimento poderia estar ligado a um ataque terrorista?
A companhia aérea ainda não descartou nenhuma linha de investigação enquanto autoridades dos Estados Unidos, que estão enviando investigadores do FBI para o local, afirmam que não há evidência de um ataque deste tipo.
A presença de dois passageiros com passaportes roubados é claramente uma brecha na segurança, mas pode estar relacionada à imigração ilegal.
Quando um avião da Air India com destino a Dubai caiu na cidade de Mangalore, no sul da Índia, em 2010, matando as 158 pessoas a bordo, dez passaportes roubados foram descobertos.
Um avião moderno pode simplesmente desaparecer no ar sem deixar vestígio?
Sim. Foi o que aconteceu com o avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico em junho de 2009 que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, na França. Todas as 228 pessoas a bordo morreram no acidente.
Os destroços foram descobertos no dia seguinte, mas demorou praticamente dois anos para localizar as caixas pretas e os restos da fuselagem, no fundo do oceano. As águas no Vietnã e nos estreitos de Malacca são muito mais rasas.
Os registros de voz e dados do voo, ou “caixas pretas” como são normalmente conhecidos, emitem sinais ultrassônicos que podem ser detectados debaixo d’água. Sob boas condições, os sinais podem ser detectados a quilômetros de distância.
Mas sem saber exatamente a trajetória que o avião percorreu, as autoridades podem ter de ampliar a área de abrangência das buscas por pequenos destroços, segundo uma reportagem publicada pelo jornal americano “Wall Street Journal”.