É interessante como esta expressão é utilizada por tantas pessoas quando querem diminuir o valor do Brasil diante dos outros países. Quando alguma coisa ruim acontece por aqui, logo vem a ironia: “Ah! Isso é Brasil!, país de 3º mundo; bom mesmo são os Estados Unidos, país de 1º mundo.” Analisando bem, vemos que a parte física dos dois países contém as mesmas coisas: terras, rios, montanhas, fauna e flora de acordo com as regiões, enfim, tudo de bom. Na realidade, a diferença consiste no povo que habita os dois países. Sua forma de pensar, seus anseios, seu comportamento.
Agora que as pessoas, de modo geral, estão com a situação financeira bem melhor, são comuns as viagens para o exterior, principalmente Estados Unidos, para conhecerem novos horizontes. Muitos voltam de lá maravilhados. As cidades são limpas, não se encontra um mísero papel de bala jogado no chão. As pessoas carregam o lixo consigo até encontrarem uma lixeira e, se não encontrarem, levam o lixo para casa para ser depositado na lata de lixo de casa. Que lindo! Que prova de educação!
A grande diferença é que muitos desses viajantes quando voltam para o Brasil, já vão jogando a passagem usada no meio da rua. Compram um picolé e o papel e o palito vão parar no chão, às vezes até perto de um latão de lixo. Lá, fazem o certo para não mostrarem que são estrangeiros. Aqui, estão em casa e, portanto, podem emporcalhar a cidade à vontade. Mas não vêem a hora de encontrar os amigos e dizer: “Aquilo é que é primeiro mundo. Cidade limpa, organizada, ruas impecáveis!
Analisando bem, o que difere um país do outro: são as plantas, é o solo, ou são as pessoas? Dia 2, o Jornal Regional noticiou que a prefeitura de Dracena foi limpar as laterais da estrada para Jaciporã e só nos dois primeiros quilômetros percorridos, recolheram mais de uma tonelada de lixo. As pessoas passam por ali e todo o lixo produzido dentro dos carros vai sendo jogado pelos acostamentos. São latas, garrafas pets, sacolas plásticas, papel, enfim, virou lixo, joga pela janela e caia onde cair.
E o que é pior! Esses adultos dão essas lições às crianças que passam a fazer a mesma coisa. Depois, acusam as escolas de que não dão educação às crianças. Escola dá instrução. É matemática, física, química, português, etc. Quem educa é a família. São os exemplos dos mais velhos que norteiam o modo de agir das crianças. E, como diz o ditado: “o que o berço dá, só o túmulo tira”. Como ensinar aos pequenos que não devem beber se o pai vive de cara “cheia”? Hoje, porque é domingo; amanhã, porque está calor ou frio; depois, porque está confraternizando com os amigos; porque o time ganhou ou perdeu; porque churrasco sem bebida não tem graça, e daí pra frente. Toda desculpa serve. Só que as crianças aprendem pelo exemplo e não pelo palavreado.
Também os porcalhões que jogam lixo em qualquer lugar têm sua desculpa esfarrapada. Não cola! Parece brincadeira, mas quase todos os Estados do Brasil têm lei que proíbe jogar lixo nas ruas. Os que já não a têm aprovada, estão em fase de aprovação. Acha que é preciso uma lei que proíba sujar as ruas? Não é evidente que não se deve fazer isso? No Rio de Janeiro a lei já está em vigor, mas neste carnaval, com a greve dos lixeiros, as ruas, as praias estavam cobertas de lixo. Coisas que as pessoas descartavam sem o menor pudor, mesmo sabendo que eles mesmos seriam prejudicados; que a cidade deles apareceria em todos os jornais como um chiqueiro onde eles, moradores e visitantes, eram os porcos.
Como lidar com pessoas que quebram os bancos das praças, picham paredes e muros, jogam lixo no chão, levam os cachorros para fazer cocô nas praças e calçadas, enchem as bocas de lobo de folhas e outras coisas do gênero? Não é o país que é de 3º mundo, é uma parcela da população. Depois xingam os governos. É interessante como nessas redes sociais, pessoas, quando querem demonstrar superioridade, escrevem: “isso é Brasil! País de 3º mundo”.
Os estados Unidos invadem outros países e gastam fortunas para matar outras populações. Jogam bombas incendiárias em pessoas, destroem cidades inteiras. Em 2008, com a quebradeira dos Bancos, o governo injetou uma montanha de dinheiro nessas instituições, enquanto milhares de cidadãos perdiam suas casas e amargavam miséria. E quando os governantes vinham a público eram aplaudidos, porque os americanos respeitam as autoridades e ninguém ousa denegrir a sua imagem.
No Brasil, o governo luta para erradicar a miséria (e tem conseguido), para dar moradia digna aos cidadãos, saúde gratuita para todos (veja o PAM, as vacinações), é elogiado no mundo todo, mas aqui dentro há aqueles que adoram falar mal do governo. E quando o país se dispõe a sediar um evento importante como a Copa do Mundo, muitos tentam mostrar ao planeta todo que o brasileiro ainda não saiu do estado de selvageria, pelas críticas que fazem e pelo comportamento agressivo que adotam. E agora pensem: O que é de 3º mundo: o povo ou o território?
O Brasil é um país maravilhoso! É uma dádiva dos céus ter o privilégio de viver aqui. Quando Olavo Bilac disse: “Criança! não verás nenhum país como este! Imita na grandeza a terra em que nasceste” Ele se referia ao país, ao território. Qualquer pessoa, com um mínimo de bom senso, de reconhecimento, tem que se orgulhar desta maravilha em que nos deixaram nascer e viver e o ideal é que se faça tudo para ser merecedor deste presente.
Até quarta-feira
– Dracena –
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