Com o domingo de ramos começa a Semana Santa. O domingo de ramos é o reconhecimento que Jesus é o verdadeiro messias, e filho de Deus que veio ao mundo. Nesta semana as comunidades revivem a morte e a ressurreição de Jesus. É o mistério da morte que trás vida verdadeira.
Quando São Pedro censurou Jesus por querer ir a Jerusalém, este o afastou com palavras rudes, revelando que ele tinha de ir a Jerusalém para sofrer, morrer e ressuscitar ao terceiro dia.
Em outras palavras, para obedecer e fazer a vontade de seu pai. E Jesus deu a entrada em Jerusalém, com medo, mas triunfalmente. Humanamente, Jesus queria evitar àquela hora, de sofrimento e angústia.
Por outro lado, sua obediência ao pai lhe dava coragem para enfrentar seus inimigos, os fariseus os escribas e sacerdotes da religião Judaica. Jesus entra na cidade de Jerusalém. Sua morte está próxima, porque em Jerusalém ele vai ser condenado à morte pelos poderosos de seu tempo. Jesus ficará sozinho até os discípulos vão abandoná-lo. O povo que aclama Jesus na entrada de Jerusalém também o abandonará, mostrando que não havia entendido a missão dele.
O povo aclamou como filho de Davi com hosana triunfais. Isto não diminui a angústia de Cristo e o medo dos discípulos.
O cerco estava se fechando e o fim do pré-anunciado, todos sentiam. Mas o destino de Cristo, o de ser rei e salvador, devia consumar-se em Jerusalém, a cidade que zelava pela lei e matava os profetas.
Domingo de ramos é o começo da Semana Santa, mais Santa de nosso calendário religioso. Nela se revelam a intolerância humana e a loucura do amor do nosso Deus, que entrega seu único filho para a nossa salvação.
O evangelista São Lucas vê os acontecimentos com os olhos da fé. Ele se lembra de que o profeta Zacarias tinha falado que o rei chegaria a Jerusalém montado num jumento. E esse rei, montado um animal de carga, seria um rei manso, que não precisa de exércitos, de armas, e de violência para reinar. Esse rei seria diferente dos outros reis.
No tempo de Jesus, os reis, de Israel montavam em mulas. Jesus, porém, monta em um jumento. Quer mostrar que Jesus é esse rei diferente, que realiza a profecia de Zacarias.
Jesus é o líder pobre que traz a paz, a vida em abundância, para todos os pobres. Se Jesus traz a paz, porque ainda existem as guerras, tanta miséria e exploração?
Jesus é um rei diferente. Ele é o rei, o líder pobre que traz paz, sem usar a violência, as armas.
Enquanto Jesus passava uma grande multidão estendiam seus mantos pelo caminho. Para o povo da Bíblia estender o manto para alguém significava colocar a própria vida à disposição daquela pessoa. A multidão compreende que Jesus é o rei que vai libertá-los.
As pessoas estavam contentes e repetiam antigas aclamações: Rosana bendito aquele que vem em nome do Senhor!
Para eles Jesus é o verdadeiro sucessor do rei Davi. Só que eles ainda não tinham compreendido que tipo de rei era Jesus. Eles pensavam que Jesus iria pegar em armas e eliminar a força todos os exploradores do país e do império romano. Mas Jesus não faz nada disso. Ele é o rei da justiça e da paz, e rejeita toda violência.
Quando Jesus chega a Jerusalém toda a cidade fica agitada, igualzinho como tinha acontecido no nascimento de Jesus, quando Herodes e toda a cidade se agitam, com o medo de perder os próprios privilégios.
Contemplando a figura de Cristo sofredor e consolador, mas também carente de consolação, podemos igualmente imitá-lo mesmo em nossa fraqueza, porque temos a certeza de que, se com ele sofremos, com ele triunfaremos.
Vivamos esta semana em oração e penitência, na certeza de que Deus se esconde no coração e se revela no rosto de cada ser humano, e estabeleceu sua tenda em nosso mundo conturbado nos faz gritar que vale a pena o esforço para viver e testemunhar o hoje de Deus em nosso cotidiano. Feliz Páscoa!
*coordenador das Comunidade Eclesial de Base (CEB’s); ministro da palavra e celebração da Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Dracena.