Em média, 36% da água que sai das represas e chega às torneiras, é perdida em encanamentos velhos, vazamentos e ligações clandestinas em todas as regiões brasileiras. A ineficiência das redes de abastecimento joga fora, todo ano, uma quantidade de água suficiente para atender ao consumo inteiro do estado de São Paulo, por um ano. Por isso podemos concluir que o desperdício é o maior manancial do Brasil.
O custo do descalabro é alto. A desvalorização da água e dos rios tem profundas raízes socioeconômicas e culturais. Por um lado, é difícil valorizar o que existe em excesso. Não por acaso, os Estados da Região Norte, milionários em recursos hídricos, são os campeões do desperdício, chegando quase a 80%.
No polo oposto, os municípios campeões de eficiência são das regiões sul e sudeste com média de 10% de desperdício. A eficiência está ligada a melhores índices de educação e desenvolvimento econômico.
Algumas empresas privadas, através de concessões do serviço público tem investido, pesadamente, no saneamento dos locais utilizados.
Outra forma das empresas contribuírem para a conservação é adotando água de reuso, reciclada e aproveitada, sobretudo para fins não potáveis, como insumo industrial, irrigação, geração de energia e lavagens. Um exemplo virtuoso, muito citado é a empresa Coats corrente, fabricante das linhas de costura, que usa água de reuso em seus processos de lavagem e tingimento.
Especialistas temem pelo futuro se a sociedade não mudar de atitude. Algumas cidades já estão captando água a mais de 100 quilômetros de distância e sofrem com o racionamento.
Precisamos urgentemente cuidar da manutenção e recuperação das matas ciliares, evitando a destruição com as enchentes, o assoreamento e a perda da diversidade.
Além de aprimorar a educação dos brasileiros e a revitalização dos rios e mananciais, precisamos adotar medidas, simples que sejam, para contribuir com a melhoria das condições ambientais relativas aos recursos hídricos.
Como cidadãos comuns o que poderíamos fazer? Economizar água ao máximo na hora do banho, desligando o chuveiro enquanto se ensaboa; na escovação de dentes utilizando um copo com água para o enxague; reutilizando a água das máquinas para limpeza de quintais e calçadas; usando baldes com água para passar pano nos cômodos internos da casa; verificando se não há vazamento nas casas, juntando as roupas sujas para ligar a máquina menos vezes; plantando árvores nas margens de rios e córregos, deixando de lançar resíduos nas águas.
São práticas difíceis de serem adquiridas, mas nada é impossível. Vamos começar já? A partir de agora. Este é o desfio. Cada um fazendo sua parte.
*vice-diretora do Colégio Objetivo de Dracena