Ao contrário do que fazemos normalmente, vamos começar o texto com algumas perguntas. O que você faria se fosse presidente da República? E se fosse ministro da Saúde, da Economia? Se fosse secretário da Saúde, governador de Estado, secretário de Segurança? E se fosse um empresário? O que você faria se fosse ministro da Justiça? Se tivesse o poder para implantar a pena de morte? O que faria se o País estivesse em suas mãos?

Como se vê, podemos abrir o leque e inundar a página com questionamentos que certamente terão respostas nem sempre cabíveis e, quase sempre, bem diferentes do que temos no País. E aí cabe a pergunta a nós, legisladores: e por que a coisa não anda, ou anda diferente das respostas que teremos? A resposta é complexa, mas não deixa de ser simples: tudo esbarra na lei maior, a nossa Constituição.  Só se pode fazer aquilo que a Constituição determina.
É comum, em alguns noticiários e programas de entrevistas em rádio e televisão, encontrarmos especialistas comentando determinados assuntos, principalmente quando ocorrem casos que exigem maior atenção por parte da mídia. Nessas ocasiões são montadas verdadeiras mesas redondas onde os assuntos são debatidos, sempre atendendo aos interesses da produção do programa, que atua de forma a manter a atenção do ouvinte ou do telespectador e, consequentemente, aumentando o faturamento da empresa.
Nessa interação entre os entrevistados, entrevistadores, plateia, telespectadores, ouvintes e patrocinadores, nem sempre os interesses são convergentes. Enquanto o ouvinte ou telespectador busca informação e entretenimento, fica nítido que nem sempre esses objetivos são tratados com a devida seriedade. A meta é a contestação, o entrevero de opiniões e, aí, surgem os absurdos.
É nessa hora que muitas vezes ocorre o grande erro de quem analisa, deixando-se levar pela emoção; é quando predomina o achismo e ele  nos dá a oportunidade de questionar esses especialistas, sejam eles da política, religião, esportes, economia, educação, segurança, saúde e tantos outros. É nessa hora que, movidos pela emoção, muitas pessoas expressam opiniões que, depois, certamente serão corrigidas, ou adequadas, ou até negadas.
Várias vezes ouvi psicólogos e religiosos falando sobre a educação de crianças e, depois, fiquei sabendo que nunca tiveram filhos. Sei de um caso famoso em que um padre dava dicas de como educar filhos, e infelizmente não consegui perguntar-lhe qual experiência ela teria para falar com tanta sabedoria sobre o assunto; é o caso do economista que tem todas as soluções sobre administração doméstica e vive com sérios problemas no serviço de proteção ao crédito.
E quando vemos essas pessoas emitindo opiniões sobre os mais variados assuntos, muitas vezes embaladas pela emoção, nos dá vontade de perguntar-lhes: e se fosse você, o que faria? E analisando as possíveis respostas, teremos a plena convicção de que a loquacidade nem sempre é sinal de sabedoria.

*ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado – www.vitorsapienza.com.br