A afetividade compreende os sentimentos, as emoções e determina a atitude geral da pessoa diante de qualquer experiência vivencial. Promove os impulsos motivadores e inibidores, percebe os fatos de forma agradável ou sofrível, enfim, é quem confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade desse afeto que a pessoa perceberá o mundo e a realidade.
Portanto, a afetividade reflete sempre a capacidade de experimentar o mundo subjetivamente. Assim sendo, os afetos são inerentes às vivências e não existe vivência sem algum tipo de afeto.
Sob a ótica da psicanálise, o ser humano não nasce com um eu (sujeito psíquico) pronto, mas irá constituí-lo a partir de si e das suas relações familiares e sociais.
O primeiro afeto que experimentamos vem dos nossos pais (ou cuidadores), pois são eles que investem o seu afeto e a qualidade desse afeto investido servirá para a construção e identificação do eu, para investir em si e no outro posteriormente. Todos nós temos um “repertório interno” de afetos tanto bons quanto ruins e que podem nos trazer prazer e desprazer.
A nossa sociedade procura definir normas, modelos, padrões e regras sobre os afetos e suas expressões e estes estão relacionados sempre ao tempo.
Nos tempos atuais, vivemos a ditadura de “seja feliz custe o que custar e doa a quem doer”.
E ser feliz não com calma, leveza… É uma “felicidade” obrigatória, exagerada, forçada, exuberante… Tem que ser mostrada para todos no facebook! z
Entretanto, estas “cenas”, camadas e máscaras vão nos afastando da singularidade de cada um de nós, e o resultado final é que felicidade desse jeito só está nos tornando secretamente cada vez mais infelizes!
*psicóloga, psicoterapeuta e psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)