Se há uma coisa que precisa ser estudada neste país, é a mania de se fazer manifestações culminando com incêndios de modo geral e, particularmente, de ônibus. No Rio e em São Paulo, é impressionante o número de ônibus que tem sido reduzido a cinzas, mas não é só lá. O que é mais intrigante é o fato de que as populações acusadas de incendiar esses veículos é a mesma que se utiliza deles como meio de transporte.
Por que será que destroem algo que é tão importante para eles? Não são os usuários de carros particulares, mas moradores de periferia, que precisam ir de ônibus para o trabalho, para escolas, que são acusados dessa série de incêndios que se tem visto. É comum quando policiais entram nas favelas ou fazem suas rondas nas periferias, serem recebidos à bala e, quando alguém sai ferido, como represália, moradores incendeiam ônibus que eles mesmos iriam utilizar.
Outro dia, homens armados invadiram a garagem de uma empresa de ônibus em Osasco e queimaram 34 ônibus. Já imaginou a falta que essa frota vai fazer aos usuários? Repor todos eles não será fácil, nem rápido. Nesse caso, a polícia suspeita de que os incendiários tenham agido em represália à morte de um traficante.
Parece que em muitos desses crimes tem havido a mão de traficantes, ou para despistar a polícia do tráfico que estejam fazendo no momento, ou para tentar colocar a população contra a própria polícia por não reprimir com a força que tem a ação desses vândalos.
O tráfico tem várias faces e, segundo afirmam as autoridades, ele está presente na grande maioria dos crimes. Pessoas se transformam em monstros, quebram todos os laços afetivos e familiares para poderem satisfazer o vício. São inúmeros os casos em que viciados agridem pais, avós ou qualquer outro familiar para poderem conseguir o dinheiro necessário à satisfação do desejo de se drogar.
Não bastassem os traficantes e os viciados que estão deixando o povo maluco, destruindo famílias, relacionamentos, agora vêm os incendiários com suas maluquices trazer mais inquietação. Não se sabe o que essas pessoas têm na cabeça para saírem por aí queimando ônibus, montes de lixo, pneus e o que acharem pela frente. E estão fazendo isso pelos motivos mais banais, embora talvez tivessem melhor resultado se utilizassem outros canais.
Em Salvador, um grupo de rodoviários fez uma fogueira no meio de uma importante rodovia para reivindicar o pagamento de gratificação por terem trabalhado durante o carnaval. Em Ceilândia, próximo a Brasília, funcionários de um supermercado queimaram pneus e um carro, bloquearam uma avenida de acesso à capital em protesto contra o fechamento do supermercado, irregularmente instalado numa área pública. Será que essa manifestação terá força de Lei? Está faltando raciocínio. Todo mundo pode dizer se concorda ou discorda de medidas tomadas ou atos executados, mas para isso há a maneira correta. Vandalismo nunca produziu efeitos positivos.
A baderna começou com as manifestações de junho do ano passado, quando os riquinhos de algumas capitais saíram às ruas com reclamações difusas e foram seguidos por uma turba de bandidos que passaram a incendiar caçambas de lixo e destruir fachadas de lojas e bancos. Agora o vandalismo chegou ás periferias. Se for seguir os caminhos da moda feminina, acaba logo. A moda começa com a alta costura para mulheres ricas dos grandes centros e, quando chega às classes mais simples, ela simplesmente fica “démodé”, acaba.
Até quarta-feira
– Dracena –
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