Dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) divulgados há poucos dias, apontam queda de 57,3% na venda de residências novas na capital, em decorrência da alta da inflação e a queda do crescimento econômico no País.
Em Dracena, conforme informações no mercado imobiliário local, estão ocorrendo duas situações distintas. Por um lado, de acordo com o proprietário da Imobiliária Imperium, César Possari, a situação atual é idêntica ao constatado na capital.
“É uma realidade que estamos constatando desde novembro e que acentuou a partir de janeiro, com queda de até 50% nas vendas”, informa o empresário.
“Sempre havia um movimento mensal nas vendas de imóveis em geral, em todos os padrões, isso vem caindo, hoje existe mais oferta de casas para vendas do que procura”, acrescenta.
O reflexo, de acordo com Possari é que os preços das casas registram quedas e ao contrário do que se verificava há poucos meses, quando faltava mão-de-obra especializada no mercado, de pedreiros, eletricistas e encanadores, hoje a realidade está diferente.
“Existe essa oferta de mão-de-obra”, explica. Além da desaceleração da economia e a inflação, outro fator apontado por Possari que está influenciando na redução das vendas dos imóveis é o acúmulo de financiamentos do consumidor nos últimos anos, que incluem desde residências, veículos a móveis residenciais.
CRECI – Já o delegado do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), da região de Dracena, Wilson de Camargo Bueno, analisa que realidade não tem alterado, em comparação ao ano passado.
“Dracena tem um mercado imprevisível, oscila bastante, mas nos últimos dois meses, por exemplo, as vendas dos imóveis foram consideradas boas”, informa.
LOTEAMENTOS – Sobre o aumento de loteamentos na cidade, Camargo afirma que nos populares, há uma garantia de 100% nas vendas.
“Nos loteamentos populares, as vendas são consumadas em poucos dias, mas nos loteamentos fechados, há dificuldades de comercialilização”, diz.
MINHA CASA MINHA VIDA – A alternativa de moradias para as famílias de média e baixa renda na cidade, de acordo com Bueno, seria o Programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. Mas o financiamento pelo programa em Dracena esbarra em um problema, conforme informa o delegado do Creci.
O teto de financiamento pelo Programa Minha Casa, Minha Vida na cidade é de R$ 90 mil e o terreno para construção não pode passar de R$ 35 mil, com prestações que podem chegar a R$ 400 mensais.
Bueno reitera que a faixa de preço de um terreno urbano em Dracena é de R$ 60 mil a R$ 80 mil, o que inviabiliza um financiamento pelo Programa.
Conforme o delegado do Creci, o teto estabelecido pela Caixa Econômica Federal (CEF) é de acordo com o censo populacional do município realizado pelo IBGE, pelo qual Dracena possui 45 mil habitantes.
“Em cidades onde de acordo com o IBGE, a população é maior, o teto do financiamento é mais alto. “Em Presidente Prudente, por exemplo, o limite é R$ 120 mil”, explica.
Para que os financiamentos pelo programa habitacional da CEF tenham mais adesões no município é necessário, de acordo com Bueno, que o teto de R$ 90 mil, seja ampliado.
Sobre as vendas das casas, o delegado do Creci pondera que a faixa procurada também é de preços populares.
“Residências com preços altos (faixa de R$ 200 mil, por exemplo), as vendas realmente estão difíceis”, conclui.