O publicitário Eduardo Martins, de 47 anos, suspeito de matar, esquartejar e tentar queimar o corpo do zelador Jezi Lopes de Souza, de 63 anos, no fim de maio, em São Paulo, pediu perdão à sua mulher, a advogada Ieda Martins, de 42 anos, durante uma acareação no 13º Distrito Policial (Casa Verde), na Zona Norte da cidade. Na terça-feira (24), Eduardo e Ieda ficaram frente a frente e mantiveram suas versões sobre o crime. As informações foram divulgadas na edição desta quarta-feira (25) do Bom Dia São Paulo.
A advogada voltou a confirmar que não teve participação na morte do zelador, enquanto o marido disse novamente que agiu sozinho e inocentou a mulher.
A vítima morreu no 11° andar do edifício da Rua Zanzibar, onde trabalhava. O publicitário diz que a morte foi acidental, mas confirma aos policiais ter esquartejado e queimado partes do corpo do homem em uma casa em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
Apesar de o casal negar a participação de Ieda no crime, a polícia acredita que a mulher ajudou a esconder o corpo do zelador, que foi levado para o imóvel no litoral. Ela é suspeita de ocultação de cadáver, falsificação de documentos e porte de arma. A polícia agora aguarda o resultado dos laudos da perícia, que devem ficar pronto nos próximos dias.
O publicitário está preso temporariamente em São Paulo por determinação da Justiça paulista, que prorrogou a prisão temporária de Eduardo por mais um mês.
A advogada também está presa temporariamente, mas suspeita de outro crime: o assassinato de seu ex-marido, o empresário José Jair Farias, de 59 anos, em 2005, no Rio. A Justiça fluminense decretou a prisão dela. Além de Ieda, Eduardo é investigado pela Polícia Civil do Rio por suposto envolvimento na morte de José Jair. O casal nega o crime.
Tanto a polícia de São Paulo quanto a do Rio estão trocando informações sobre as duas investigações. Após a repercussão da morte do zelador, a polícia fluminense reabriu o caso do empresário, que foi morto a tiros. O inquérito havia sido encerrado sem apontar culpados.
Para a polícia paulista, o publicitário premeditou o assassinato do zelador, e a advogada usou seus conhecimentos em direito para ajudar o marido a sumir com o cadáver sem que eles pudessem ser considerados suspeitos. Agora, a investigação busca provas materiais, testemunhais e técnicas para concluir o inquérito e confirmar a suspeita de Eduardo ter cometido homicídio doloso (com intenção de matar) e Ieda, ocultação de cadáver.
publicitário em São Paulo (Foto: Caio Prestes/G1)
O crime
O publicitário contou que sua mulher e o filho não estavam no apartamento no momento em que o zelador morreu. Alegando ter se desesperado, Eduardo escondeu o cadáver dentro de uma mala de viagem e desceu com ela até a garagem. Sua mulher o esperava para ajudá-lo a colocá-la no porta-malas do carro do casal.
Horas antes, câmeras de segurança do condomínio gravaram o zelador saindo do elevador. Depois, registraram o publicitário entrando no elevador com a mala. As imagens ainda mostram o casal guardando a mala no automóvel. Para os peritos, não seria possível guardar o corpo de Jezi dentro da mala sem antes cortá-lo.
A família do zelador registrou um boletim de ocorrência de seu desaparecimento no dia 31 de maio, no 13° DP. Em 2 de junho, Eduardo foi preso em flagrante pela polícia em Praia Grande, queimando partes do corpo de Jezi em uma churrasqueira. O publicitário usou um serrote para esquartejar o cadáver.
Ieda também chegou a ser presa por suspeita de ocultação de cadáver, mas acabou solta no dia 3 de junho por decisão da Justiça. A defesa da advogada alegou que não há indícios da participação dela no crime. Mesmo negando qualquer envolvimento na morte do ex-marido, a mulher foi presa novamente, no dia 9 de junho, por determinação da Justiça do Rio.
Nas buscas e apreensões autorizadas pela Justiça, peritos da Polícia Técnico-Científica e policiais civis de São Paulo foram ao apartamento do casal e encontraram arma, cano, silenciador, munição, luvas cirúrgicas, estetoscópio, calçados e roupas com suspeita de presença de sangue. Um revólver calibre 38 manchado de sangue também estava em uma mochila de Eduardo achada na casa do litoral.