Uma briga entre uma mãe brasileira e um pai norueguês, que disputam há anos a guarda de dois filhos, terminou de forma surpreendente no Rio. As crianças determinaram o futuro da família e deram a palavra final na disputa: durante a ação da Polícia Federal, que foi cumprir um mandado judicial na casa da mãe para levar as crianças para a Noruega, elas finalmente foram ouvidas pelas autoridades e manifestaram o desejo de ficar no Brasil.
“Eu quero ficar no Brasil com a minha mãe”, disse o menino, de 12 anos. “Eu queria ficar aqui e meu pai não entende isso, a justiça não entende isso”, comentou a filha de 14.
Tudo começou quando a Polícia Federal chegou à casa de Júlia Albuquerque para dar segurança ao cumprimento de uma ordem judicial, que determinava a ida imediata dos filhos para viver na Europa com o pai, Tommy Runebless. A disputa judicial em torno da guarda dos menores começou em 2004, quando o casal se separou após cinco anos de casamento.
Os meninos chegaram a viver um tempo no Brasil, mas o pai conseguiu levá-los de volta para a Noruega. Como Júlia achava que as decisões da justiça norueguesa só beneficiavam o marido, em 2006 ela trouxe os filhos para o Brasil sem a autorização do pai, onde chegou a viver escondida.
Pouco antes do cumprimento do mandado, as crianças deram uma reviravolta na situação. O pai, que acompanhava de longe, conversou com os filhos e se sensibilizou. “Eu não quero pegar os meus filhos à força para o aeroporto e levar para a Noruega se não querem morar lá”, disse Tommy.
O pai desistiu da guarda, desde que os filhos possam passar as férias na Noruega. O acordo ainda precisa ser oficializado, mas a mãe comemorou.