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Unaids acredita que ações promovidas nos próximos cinco anos mudam panorama da doença nos próximos 15 anos – Aijaz Rahi / AP
RIO – Novas mortes e infecções por AIDS estão em queda em todo o mundo, porém, no Brasil, a epidemia está crescendo, segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas HIV/Aids (Unaids). O país tem 47% dos casos da América Latina, a maior proporção dessa região, e teve um aumento de casos de 11% entre 2005 e 2013. No final do ano passado, a estimativa era de que 1,6 milhão de pessoas viviam com HIV no Brasil. O número representa 2% da população mundial portadora da doença.
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Na América Latina, como um todo, há uma diminuição lenta do número de novas infecções, de 3%, entre 2005 e 2013. No entanto, os padrões de queda variaram de país para país. No México, caíram 39% e, no Peru, 26%. Dos 15 países no mundo que concentram 76% dos novos casos no último ano, 14 têm maior concentração de mortes.
Segundo a Unaids, o novo dado mundial permite acreditar que a epidemia poderá ser controlada até 2030 e até encerrada em cada região apesar de algumas localidades apresentarem crescimento. O anúncio acontece quatro dias depois da Organização Mundial de Saúde afirmar que há um crescimento alarmante da doença em grupos de risco e recomendar o uso de antirretrovirais para todos os homens que fazem sexo com outros homens. O relatório também afirma que o acesso aos medicamentos aumentou em 77% nos últimos três anos. No Brasil, assim como em Chile, El Salvador, México, Peru e Venezuela, mais de 40% dos infectados têm acesso a antirretrovirais
“Mais do que nunca, há uma esperança de se acabar com a Aids. Entretanto, uma abordagem no atual ritmo não acabará com a epidemia”, afirmou o relatório da Unaids. O número de pessoas infectadas com o vírus está estável, e é de cerca de 35 milhões em todo o mundo. A epidemia matou 49 milhões das 78 milhões de pessoas infectadas desde seu início, na década de 1980.
“A epidemia de Aids pode ser terminada em cada região, cada país, cada local, cada população e cada comunidade. Há múltiplas razões para que se tenha esperança e convicção sobre esta vitória”, afirmou Michel Sidibé, diretor da Unaids.
Desde 2001, o número de novas infecções caiu 38% e, desde 2005, a quantidade de morte despencou 25%.
“O mundo tem assistido a mudanças extraordinárias no panorama da Aids. Tiveram mais realizações nos últimos cinco anos do que nos últimos 23 anos”, disse o relatório.
O relatório afirma que no final de 2013,cerca de 13 milhões de portadores do vírus HIV tinham acesso ao tratamento com antirretroviral, um aumento substancial em comparação aos 10 milhões de infectados que possuíam o mesmo tratamento um ano antes. Em 2010, o número era ainda menor com apenas 5 milhões utilizando as drogas. Na África, continente com o maior número de portadores, 80% das pessoas diagnosticadas recebem tratamento, porém, quase metade dos africanos que possuem a doença não sabem.
Para a Unaids, a possibilidade de finalizar a epidemia em 2030 significaria que o vírus estaria controlado e que o impacto do HIV na sociedade e na vida das pessoas teria sido reduzido.
“Isso significa o aumento da expectativa de vida, a aceitação incondicional da diversidade e dos direitos das pessoas.”
O relatório informa que US$ 19,1 bilhões foram disponibilizados para combater a doença em 2013 e estima que serão necessário entre US$ 22 milhões e US$ 24 milhões para o próximo ano. Para Sidibé, esta é uma chance oportuna para reverter a epidemia.
“Temos uma janela frágil de cinco anos para construir sobre os resultados rápidos que tivemos. Os próximos cinco anos vão determinar os próximos 15”, disse ele.
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