Maristela Stringhini se prepara para deixar o hospital em Santa Catarina (Foto: Reprodução RBS TV)
A mulher arrastada por cerca de 800 metros em Rio do Sul, no Vale do Itajaí (SC), está prestes a receber alta do hospital e continuar o tratamento em casa. Quase três meses depois de sofrer o acidente que a deixou com parte do corpo mutilada, a moradora de Lages, na Serra catarinense, demonstra otimismo e uma grande força de vontade. “Hoje, eu estou bem. Se der para fazer uma retrospectiva de tudo o que já passei, estou bem, animada, cada dia querendo viver e vendo a vida com outros olhos”, afirmou Maristela Stringhini, de 40 anos, em entrevista ao Estúdio Santa Catarina de domingo (6).
No dia 13 de abril, Maristela participava ao lado do noivo de um encontro de motociclistas em Rio do Sul. Na madrugada, quando o casal passava pela área central da cidade, um carro bateu na moto deles. Com o impacto, a mulher caiu e foi arrastada por cerca de 800 metros.
As versões dos envolvidos são contraditórias, mas, segundo a polícia, a ocorrência teria sido registrada após um desentendimento, e o capacete da mulher ficou preso ao eixo do automóvel. Câmeras de segurança flagraram parte do trajeto feito pelo carro. Quando a mulher foi solta, ela se sentou em uma escada próxima e esperou ajuda.
Maristela resume o que passou da seguinte forma: “É triste? É, mas eu consigo enfrentar. O que todos estão fazendo por mim, acho que não vou ter um jeito melhor do que voltar a sorrir”.
Acidente
A mulher se recorda de trechos do que aconteceu naquela madrugada. “Lembro que eu estava na moto com o meu noivo. Estávamos quase parados na sinaleira. Vieram, bateram atrás. Na hora, eu gritei e caí da moto. E depois só me lembro de estar sendo arrastada. Só lembro de gritar e pedir para Deus que não me deixasse morrer porque eu tenho uma filha”, conta.
Capacete que a mulher usava foi cortado ao meio
(Foto: Polícia Civil de Rio do Sul/Divulgação)
“Na hora quando eu saí, olhei para o lado e estava tudo escuro. Eu não via ninguém e não sabia o que tinha acontecido. Daí, era dor que eu sentia […] Aí sentei na escada e pedi para Deus: ‘Se for para eu morrer aqui, me mate agora, porque não aguento mais de dor'”, completa.
Maristela afirma que “não fazia ideia do jeito que tinha ficado”. Ela perdeu os dois seios por causa da fricção com o assalto, teve queimaduras graves em várias partes do corpo, sofreu fratura exposta nos joelhos e em um dos braços; e em outras partes teve dilaceração da pele.
Até agora, foram realizados cerca de 10 procedimentos cirúrgicos. “Faz pouco tempo que eu consegui olhar para o meu corpo. Não adianta eu dizer que estou perfeita, porque não estou ainda. Não sei se vou ficar”, destaca.
Acusado
O motorista Julio Cesar Leandro, de 21 anos, que dirigia o carro que arrastou Maristela, afirmou não saber que ela estava embaixo do veículo e, se soubesse, teria parado imediatamente, conforme depoimento prestado à Justiça no dia 17 de junho.
Maristela perdeu os dois seios e teve queimaduras
em várias partes do corpo
(Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Ao todo, 12 testemunhas – entre taxistas, pessoas que trabalhavam com o acusado e o noivo de Maristela – foram ouvidas na audiência sobre o caso. O motorista acusado está detido no Presídio Regional de Rio do Sul. Ele chorou durante o depoimento, afirmou que não havia ingerido bebida alcoólica e negou que soubesse que a mulher estava embaixo do automóvel. Julio Cesar declarou que se sentiu ameaçado pelo motociclista e ficou apavorado, razão pela qual saiu em disparada com o carro.
Maristela diz que tenta não julgar o jovem. Ela considera que ele e a família também estão sofrendo. “Eu sou mãe, me pus no lugar da mãe dele e não posso julgar. Ele é um menino de 21 anos e está começando a viver. O certo e o errado que ele fez não sou eu que vou julgar. Assim como eu fiquei com marcas, ele também vai ficar. Assim como eu estou sofrendo, a família dele está sofrendo também”, conclui a catarinense.