Inaugurado em 2006, muitos ainda desconhecem o trabalho realizado pelo Lar Santa Terezinha “Amor e Vida”, em Junqueirópolis. Com o objetivo de acolher mulheres com dependência química, a entidade foi concretizada em 1º de outubro de 2002 pelos participantes do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e aprovado pelo bispo dom Osvaldo Giuntini, na época responsável pela Diocese de Marília.
O prédio da entidade conta com pouco mais de 550 metros quadrados de construção, em local amplo, com espaço agradável e muito verde ao redor. Possui capacidade para atender 20 residentes e prestar serviço de acolhimento às mulheres com transtorno decorrente de uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas) acima de 18 anos.
O Lar Santa Terezinha, na zona rural de Junqueirópolis, é a única instituição que atende mulheres na região Oeste do Estado. Foi construído em 2006 com recursos da comunidade local.
As dependentes químicas aprendem a confeccionar trabalhos manuais e participam de atividades em grupo com o acompanhamento de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. Até hoje, aproximadamente 250 mulheres já passaram pela entidade.
Somente no final de 2006 foi iniciado os tratamentos de recuperação. Desde fevereiro de 2012, as Irmãs da Copiosa Redenção de Ponta Grossa (PR) assumiram os trabalhos com programa terapêutico próprio.
O Lar se mantém com verbas recebidas da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), doações, promoções beneficentes, contribuições dos amigos do Lar Santa Terezinha e parte do dízimo da Paróquia Santo Antônio.
Embora seja administrado pela igreja católica, o Lar Santa Terezinha acolhe qualquer mulher independente da religião, informou o padre Ângelo José Biffi, diretor espiritual da instituição.
O programa terapêutico dura no mínimo um ano com metas de mudança, estilo de vida e reestruturação de sua identidade. O Lar trabalha para interromper a autodestruição ou comportamentos derrotistas de mulheres que se encontram em risco pessoal e social pelo uso de álcool e drogas, garantindo proteção integral, fortalecimento dos vínculos familiares e sociais.
A entidade tem como missão “salvar vidas”. Durante o período terapêutico, as mulheres contam com aulas de artesanato, corte e costura e condicionamento físico. Elas também são responsáveis pela limpeza e organização do local, e contam com acompanhamento de profissionais da saúde como psicóloga, nutricionista e auxiliar de enfermagem.
O programa de recuperação funciona da seguinte maneira: no início é promovida a “fase de adaptação” com regime integral na instituição para que a paciente possa perceber a necessidade de fazer o programa de recuperação e compreendendo os procedimentos a ser realizados com firme propósito de fazer o programa.
A segunda etapa é a “fase de interiorização”. Como o próprio nome diz, é uma fase onde o olhar retrospectivo para o interior da assistida precisa ser honesto com ela mesma, é uma das atitudes fundamentais. Deve-se também aceitar a supervisão disciplinar estabelecida pela entidade e ter plena responsabilidade por seus comportamentos e seus problemas.
A “fase da reinserção social” é dividida em duas etapas. Na primeira, a residente permanece vivendo no Lar, mas poderá realizar visitas periódicas aos familiares. A segunda etapa é realizada fora das instalações.
Para Vilmara Pereira Cruz, irmã da Copiosa Redenção e coordenadora da instituição, a fase externa é o momento frente a frente com as dificuldades e o preconceito e ainda exposto a inúmeros estímulos. “É uma etapa de fragilidade que deve ser enfrentada”. Vilmara explicou que neste período as pacientes retornam ao Lar mensalmente ou quinzenalmente para o trabalho de prevenção de recaída, permitindo avaliar seu quadro e comportamento perante a sociedade.
A coordenadora ainda ressaltou que a participação da família é fundamental durante todo o período do tratamento. Todo segundo domingo de cada mês, a entidade é aberta para a visita de familiares.
ÁLCOOL – Solange Vaz da Silva, 35 anos, da cidade de Santo Anastácio, reside no Lar há pouco mais de dois anos para tratamento de alcoolismo e está ansiosa para voltar para a casa, o que deve acontecer dentro de poucos dias. “Estava no fundo do poço e precisava de ajuda para cuidar do meu filho de nove anos e recuperar minha dignidade”.
A paciente contou que conheceu a entidade através de um casal de amigos e que durante todo esse tempo teve o apoio da família que lhe deu força e motivação.
Eufórica, Solange disse que a família dela a aguarda para recebê-la em casa com todo o apoio que ela precisar. “Estou na expectativa de reconquistar o meu espaço na sociedade”, falou confiante.
Após a saída, pretende trabalhar em entidades com dependentes químicos.
A assistente social Maria dos Santos Baptista Angeluci solicita um maior apoio das prefeituras da região. Atualmente, apenas a Prefeitura de Junqueirópolis contribui com a entidade. Segundo ela, tem entrado em contato com vários municípios para estabelecer convênios, mas até o momento não estão sendo atendidos.
“O Lar Santa Terezinha é de caráter único na região e presta serviços relevantes para a sociedade. Precisamos de apoio governamental”, contou a profissional.
SERVIÇO – O Lar Santa Terezinha, situado na zona rural de Junqueirópolis, está aberto a doações e visitas. Mais informações poderão ser adquiridas pelos telefones (18) 3841-1157 e 99722-6209.