A Região Administrativa (R.A.) de Presidente Prudente, composta por 53 municípios, aparece em 2º lugar com a maior taxa de envelhecimento do Estado de São Paulo em pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), divulgada nesta segunda-feira (7), que indica o perfil de mortalidade da população paulista. Conforme os dados, o índice, que resulta na divisão entre a quantidade da população idosa e de jovens, foi calculada em 85,7% em 2014, sendo superada apenas pela R.A. de São José do Rio Preto.
Conforme os dados apresentados no estudo, o Oeste Paulista possui 154.062 pessoas com menos de 15 anos, 559.846 com idades entre 15 a 59 anos e 132.009 com mais de 60 anos. Eles representam, respectivamente, 18,2%; 66,2% e 15,6% da participação na composição demográfica. De acordo com a analista de projetos da Seade, Lucia Yasaki, a região noroeste do Estado, seguida pela oeste, é responsável pelos maiores índices de envelhecimento apontados no comparativo.
“Isso é motivado pelas baixas taxas de fecundidade, o que reduz o número de jovens. Sendo assim, a população vai envelhecendo e a pirâmide das faixas etárias vai se alterando. Isso também reflete um aspecto histórico. Há tempos existe esta tendência, mesmo porque a região foi uma área de evasão, ou seja, muitos jovens saíam dela para buscar oportunidades em grandes centros. Isso ocorreu muito na década de 90”, explica.
Com as melhores condições de vida atuais, que refletem também na área da saúde, a R.A. de Presidente Prudente conseguiu números menores de mortes do que regiões como a de Marília (SP), Bauru (SP) e Sorocaba (SP), por exemplo, de acordo com os indicadores referentes a 2012 e presentes na pesquisa. “Prevemos que, em 2030, a região possa ter um índice de envelhecimento de até 150%, ou seja, um número 50% maior de idosos em relação aos jovens. Porém são vários os fatores que podem influenciar esta estimativa”, afirma a analista de dados.
As causas da morte divididas por faixas etárias no Oeste Paulista também são apontadas pelo estudo. Na população com menos de 15 anos, são 41,9 óbitos a cada 100 mil habitantes por afeccções originadas no período perinatal, ou seja, modificações que podem levar a doenças entre a gravidez e os primeiros dia de vida do recém-nascido. Abaixo desta causa estão a má formação congênita e anomalias, com 20 mortes, 5,6 por causas externas e 4,4 por problemas respiratórios.
Já para pessoas entre 15 e 59 anos, o “ranking” de mortes é liderado por causas externas, como acidentes de trânsito, por exemplo. Elas são responsáveis por 63 óbitos por 100 mil habitantes em 2012, seguido pelas neoplasias (tumores), com 54,3; doenças do aparelho circulatório, 51,3; doenças do aparelho digestivo, 21,8; e doenças do aparelho respiratório, 18,2, de acordo com o Seade.
Os fatores também são analisados para a população de 60 anos ou mais. Segundo os números do levantamento, são 1.088 falecimentos por doenças do aparelho respiratório, 642 por neoplasias, 520 por doenças do aparelho respiratório e 362 por causas mal definidas, ou seja, aquelas que não puderam ser determinadas de forma clara, de acordo com os requisitos levados em consideração pelos pesquisadores.
Em âmbito estadual, o panorama da mortalidade apontou uma redução nas taxas de óbitos infantis e o rápido processo de envelhecimento. A mortalidade caiu em todas as regiões e a representatividade das causas externas se sobressaírem entre os responsáveis pela morte de adultos também foi evidenciada pelo relatório do Seade.
Mudança de perfil
Conforme o economista Wilson de Luces, a região segue uma tendência mundial, que é o envelhecimento da população. “Os índices de qualidade de vida aumentam constantemente. Hoje se dá mais importância à saúde da mulher e dos idosos, o que permitiu a abertura de um novo público consumidor. São vários os estabelecimentos especialmente destinados aos mais velhos, como no ramo da alimentação e de viagens, já que as pessoas desta faixa etária são ativas”, afirma.
Esta alteração na pirâmide etária da sociedade pode resultar em reflexos positivos e negativos. “Com este novo nicho de mercado, são novas oportunidades de trabalho. A economia ganha uma movimentação a mais. Entretanto, isto pode causar um colapso nos mecanismos da Previdência Social, já que grande parte do dinheiro recebido pelos idosos é proveniente de benefícios como a aposentadoria. Quanto mais vivem as pessoas, maior o prejuízo para a previdência”, declara Luces.
Ainda de acordo com o economista, assim como em países da Europa, futuramente é possível que a região de Presidente Prudente enfrente uma falta de mão de obra em alguns setores. “Na agricultura, por exemplo, pode faltar quem busque um trabalho que exija maior esforço físico. Já vivemos esta situação atualmente”, afirma.