A Anistia Internacional informou hoje (7) que há cada vez mais indícios de que hospitais e profissionais de saúde estão sendo alvo de ataques deliberados do Exército israelense na Faixa de Gaza. A nota divulgada no site da organização humanitária afirma que os relatos de médicos, enfermeiros e paramédicos compõem um “quadro preocupante”.
A Anistia Internacional atribui ao Ministério da Saúde palestino a informação de que, desde o dia 8 de julho, quando Israel lançou a operação ofensiva contra a Faixa de Gaza, ao menos seis profissionais que trabalhavam em ambulâncias e outros 13 voluntários foram mortos enquanto resgatavam mortos e feridos. O número de profissionais de saúde feridos chega a 49 e o de trabalhadores humanitários, chega a 33.
A organização também informa que, segundo o escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, dos cerca de 1,8 mil palestinos mortos 86% eram civis. O escritório da ONU estima ainda que cerca de 9,4 mil pessoas ficaram feridas, muitas gravemente, e que em torno de 485 mil pessoas foram deslocadas pelo conflito.
Muitos dos desalojados buscam refúgio em hospitais e escolas. Entre os depoimentos colhidos pela Anistia Internacional, há relatos de que soldados israelenses têm atirado contra ambulâncias identificadas e contra profissionais de saúde vestindo coletes fluorescentes no exercício das suas funções. A Anistia Internacional identifica ao menos cinco hospitais e 34 clínicas hospitalares que foram forçadas a interromper as atividades devido aos danos causados pelo ataque israelense ou pela hostilidade. Além disso, hospitais de toda a Faixa de Gaza sofrem com a escassez de combustível e a falta de água, medicamentos e energia elétrica – agravada depois que a única central elétrica da Faixa de Gaza parou de funcionar após um bombardeio do Exército israelense.
“A Anistia Internacional tem apelado repetidamente a Israel que cesse imediatamente o bloqueio à Faixa de Gaza, que está punindo coletivamente toda a população de Gaza, em violação das obrigações de Israel sob a Lei Internacional Humanitária e de Direitos Humanos”, declara a organização na nota, antes de lembrar tratados internacionais que obrigam os países signatários a respeitar e proteger os feridos, permitindo a movimentação de pessoal médico e a remoção de mortos e feridos das áreas sitiadas.
“A obstrução deliberada de pessoal médico para evitar que feridos recebam atenção médica pode constituir uma grave violação da Quarta Convenção de Genebra [sobre a Proteção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra, de agosto 1949] e um crime de guerra”, conclui a nota.
Desde o início dos confrontos, Israel alega que os militantes palestinos da Hamas adotam, como estratégia militar, a prática de se esconder e armazenar armamentos em escolas e hospitais, além de usar crianças e mulheres como ‘escudos humanos’. Segundo autoridades israelenses, isso explicaria, em parte, o número de civis mortos.