A Câmara Municipal de São Paulo instalou hoje (20) comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar contratos firmados entre a prefeitura de São Paulo e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Sem acordo entre os vereadores, a escolha do vice-presidente e do relator da CPI ficou para a próxima quarta-feira (27), às 10h.
Criada no dia 6 deste mês, a CPI da Sabesp é composta por nove vereadores: Laércio Benko, candidato do PHS ao governo de São Paulo, que presidirá os trabalhos, Paulo Batista dos Reis, do PT, José Police Neto, do PSD, Milton Leite, do DEM, Roberto Trípoli, do PV, Paulo Frange, do PTB, Nelo Rodolfo, do PMDB, Ari Friedenbach, do PROS, e Mário Covas Neto, do PSDB.
Segundo os vereadores, o objetivo da comissão é investigar por que está faltando água em vários pontos da capital paulista. A Sabesp é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 364 municípios do estado de São Paulo, atendendo, segundo a própria empresa, cerca de 27,7 milhões de pessoas abastecidas com água e 24,7 milhões de pessoas com coleta de esgotos. Desde o começo do ano, a capital paulista e várias outras cidades do estado vivem uma crise de abastecimento de água.
“Em tese, o PT, por ser a maior bancada, deveria ficar com a relatoria, mas é preciso haver acordo”, explicou o vereador petista Reis. De acordo com Reis, os nomes do relator e do vice-presidente da CPI precisam, além da indicação, ser aprovados em votação por pelo menos cinco vereadores.
Mário Covas Neto disse que pleiteia a relatoria do caso, embora haja um acordo entre os vereadores para evitar que os relatores sejam do PSDB, que comanda o governo estadual, ou do PT, que comanda a prefeitura da capital. “Isso é para não ter extremos, não ter polarização e evitar que se contamine a CPI”, explicou. “Prefiro uma relatoria isenta, do que uma relatoria parcial.”
Indagado se, com a retirada do PT e do PSDB da disputa, a relatoria não poderia ficar nas mãos de vereadores que disputam as eleições deste ano, o que também poderia provocar uso político da CPI, Covas Neto concordou. “Ninguém é isento nisso. Esta é uma casa política, e cada um tem um olhar sobre isso, mas como há prazo de duração, tanto melhor que as investigações não sejam contaminadas por uma questão eleitoral ou partidária”, afirmou. Covas disse preferir que nem seu partido nem o PT assumam a relatoria.