O crescimento da indústria naval brasileira em torno de 19,5% ao ano desde 2000, somado a investimentos que alcançam quase R$ 150 bilhões, consolidaram o setor no país. A opinião é do coordenador de Infraestrutura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos Neto. “Esses investimentos significam que a indústria naval está consolidada no país”.

Com base em contratos já firmados ou previstos para o desenvolvimento do pré-sal e também sobre as descobertas e perspectivas para águas profundas no Nordeste, Campos Neto disse à Agência Brasil que há demanda para investimentos no setor pelos próximos 25 anos. “Existe demanda para a indústria naval para os próximos 25 anos”, disse. Segundo Campos Neto e seu parceiro em um estudo sobre o ressurgimento da indústria naval no Brasil, o técnico de Planejamento e Pesquisa, Fabiano Pompermayer, a demanda identificada para esse período está em torno de R$ 220 bilhões.

O estudo do Ipea foi apresentado hoje (14) na Marintec South America – 11ª Navalshore, no Rio de Janeiro. Esse é considerado o principal encontro estratégico para a indústria naval eoffshore da América Latina. Ele engloba representantes de mais de 17 países, 380 marcas expositoras e 12 pavilhões internacionais.

Carlos Campos Neto salientou a importância dos investimentos da Petrobras no processo de retomada do setor naval. “O que fez ressurgir a indústria naval e o que vai sustentá-la pelos próximos 25 anos é fortemente a indústria de petróleo e gás offshore (exploração em alto mar)”, comentou. O estudo mostra que o apogeu da indústria naval brasileira ocorreu na década de 1970, iniciando-se declínio nos anos 80, até quase a extinção do setor, na década seguinte. O economista avaliou que os erros cometidos no passado, entre os quais se destaca a gestão do Fundo de Marinha Mercante (FMM), não serão repetidos. “Eles não estão sendo cometidos”.

Campos Neto salientou que a indústria naval brasileira não será competitiva, porém, em todos os segmentos. Na área da construção de navios petroleiros, por exemplo, o Brasil não vai conseguir concorrer, em termos de preços e custos, com a China ou a Coreia. Por outro lado, o Brasil vai bem na produção de embarcações de apoio, plataformas offshore e navios sonda. “Nosso nicho de mercado, onde o Brasil tem se estruturado e desenvolvido melhor, é nesses três segmentos, que têm muita tecnologia embarcada. Isso para nós é muito bom”.