O ex-médico Roger Abdelmassih, que foi condenado por crimes sexuais contra 37 mulheres, se passava por um investidor, no Paraguai, e fez amizades com policiais, políticos e cartolas do futebol. No país, ele vivia numa mansão e andava num carro importado. Agora, está atrás das grades, no interior de São Paulo.

O ex-médico deve ficar isolado por 10 dias e só depois vai ter contato com outros presos. Ontem, a passagem de Abdelmassih pelo aeroporto de Congonhas, em São Paulo, comoveu as vítimas do ex-médico.

“Eu não fui abandonada pelo meu marido, eu não fui. Mas muitas foram abandonadas por eles. E a gente está aqui dizendo que agora é a nossa vez”, diz a vítima Helena Leardini.

Em Congonhas, o ex-médico fez exame de corpo de delito na Polícia Federal, foi algemado e entregue à Polícia Civil e registrou as impressões digitais.

Antes de deixar o Paraguai, Roger chorou. “Por favor… Pelo amor de Deus, meus filhos”. Cercado pela imprensa, não respondeu quanto tempo ficou escondido no Paraguai.

A polícia acredita que Roger Abdelmassih estava no Paraguai há pelo menos três anos. Nesse período fez amizade com policiais, políticos e pessoas importantes ligadas ao mundo do futebol.

Ele vivia numa mansão num nobre bairro de Assunção, cujo aluguel custava US$ 5 mil, ou seja, mais de R$ 10 mil por mês. Usava carro de luxo que no Brasil custa uns R$ 300 mil. Os filhos estudavam em escola particular.

No país, o ex-médico se apresentava como investidor de projetos sociais e usava o nome de Ricardo Galeano. Para a polícia do Paraguai, só foi possível expulsar Roger rapidamente do país porque ele estava sem nenhum documento.

Em entrevista à rádio Estadão, o ex-médico confirmou que, no Paraguai, usava disfarce para não ser reconhecido. “Eu não saía de casa sem a peruca e um óculos, quer dizer, eu ficava diferente do que eu era”.

“V de vitória. Não tem outra coisa para falar, é vitória. Ver esse homem saindo de camburão, de sirene é demais”, fala uma das vítimas do ex-médico.

O ex-médico ainda é investigado por causa de denúncias feitas por outras 26 pacientes. Elas também acusam Roger Abdelmassih de abuso sexual.