Não me parece fácil ser adolescente e nem ser pai ou mãe de adolescente nos tempos atuais.
Ser adolescente é ter que lidar pelo menos com: “… três fenômenos importantes do desenvolvimento humano: do ponto de vista biológico, a puberdade, com o amadurecimento sexual e reprodutor; do ponto de vista social a passagem da infância para a vida adulta, com a assunção de papéis adultos e a autonomia em relação aos pais; e, do ponto de vista psicológico, a estruturação de uma identidade definitiva para a subjetividade.” (Ranña, 2005)
Ser adolescente hoje é ter que enfrentar todas estas tarefas e ainda preparar-se para o mundo, para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, para viver em uma sociedade em constante mudança de valores (humanos, políticos, familiares).
“A identidade da criança e do adolescente é construída hoje numa cultura caracterizada pela existência de uma indústria da informação, de bens culturais, de lazer e de consumo onde a ênfase está no presente, na velocidade, no cotidiano, no aqui e no agora, e na busca do prazer imediato. A subjetividade é, então, construída no comigo mesmo, na relação com o outro e num tempo e num espaço social específicos.” (Salles, 2005)
O que é certo ou errado? O que é bom ou ruim? O que é verdade ou mentira? Como parece difícil neste novo contexto encontrar estas respostas!
Talvez por que existam muitas possibilidades e respostas frente a estas perguntas. Respostas que passam pelo universo sócio histórico e cultural onde cada indivíduo, adolescente ou não, está inserido. Talvez por que estas respostas estejam em permanente transformação.
Desta maneira, não me parece que ser adolescente hoje seja uma tarefa difícil apenas para nossos queridos jovens, mas também para nossos caríssimos pais.
Pais que, assim como seus filhos, estão vivendo neste mesmo contexto e com as mesmas indagações. Pais que estão muitas vezes perdidos frente as suas próprias necessidades e dificuldades e que não conseguem acompanhar as de seus filhos adolescentes.
Nossa! Precisamos fazer alguma coisa. Nossos filhos adolescentes precisam encarar os desafios dessa etapa da vida e crescer, mas precisam de apoio, de um lugar seguro para voltar, onde possam encontrar respostas claras. E esse lugar só pode ser na sua família.
Para isso, precisamos que nossos pais olhem para si mesmos, para suas próprias dúvidas e incertezas, busquem apoio para respondê-las e assim possam estar mais “prontos” para ajudar seus próprios filhos neste momento de intensas mudanças.
“Para a educação dos filhos, os pais têm de ser coerentes entre si e não permitir que os filhos façam em casa o que não poderão fazer na sociedade; ao contrário, devem exigir que já façam em casa o que terão de fazer fora de casa…” Içami Tiba (2007).
A adolescência, sem dúvidas, é um momento muito delicado na relação entre pais e filhos e, cabe aos primeiros, favorecer momentos de encontro e diálogo, visando aproximar-se das vivências, sentimentos e dificuldades experimentadas pelo seu filho com o intuito de ajudá-lo na construção de sua própria identidade, de seus valores, de seu modo de estar na relação com seus pares e com a sociedade.
*psicóloga no Colégio Objetivo.