Após sete meses internado para tratar a dependência em álcool e drogas, o cantor Udson Cadorini Silva, da dupla sertaneja Edson & Hudson, teve alta na semana passada e disse em entrevista exclusiva ao Fantástico que estuda transformar a chácara onde vive, em Limeira (SP), em uma clínica de reabilitação. Ele e o irmão devem retomar a carreira juntos nos palcos em novembro com disco inédito. Desde a internação, Edson tem feito os shows da dupla sozinho.
Hudson pediu perdão aos fãs que ficaram decepcionados com o seu envolvimento com bebidas e entorpecentes (maconha e cocaína) e falou que aprendeu com o que “aconteceu de ruim” na carreira e na vida pessoal. “Foi uma fase muito triste da minha vida. Vou tentar ajudar, pretendo trabalhar e fui até convidado até para trabalhar na outra clínica que eu estava internado”, falou.
“Eu estou transformado fisicamente, espiritualmente, mentalmente. Eu fiquei entre a morte e a vida, não importava mais morrer ou viver, mas consegui me recuperar. A área aqui da chácara é muito grande, tem 50 mil metros e fica dentro da cidade. Talvez eu transforme minha casa numa clínica pra ajudar as pessoas”, afirmou.
Hudson passou os últimos meses em uma clínica em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo. “Não foi fácil. Eu tive que passar pela dor da saudade. Eu tive que passar pela dor da abstinência porque realmente estava precisando me tratar. Enxerguei que eu estava doente, então, precisava fechar pra balanço, né?”
A saída do cantor do local na última segunda-feira (22) foi acompanhada pelo irmão e companheiro de dupla, pelo pai Jerônimo Silva e pela namorada, Thayra Machado. “A vida sem droga e sem bebida é muito melhor. Entre morrer e viver, eu preferi viver e foi na clínica que eu aprendi a viver novamente”, contou o sertanejo, que também é fã de rock.
“Eu me sinto 100% recuperado. Faz sete meses que não uso droga, que não bebo. Eu tive um problema gravíssimo no fígado, um princípio de cirrose. Tive duas lesões no cérebro, uma do lado direito, outra do lado esquerdo. Se continuar usando drogas, vou acabar que nem a Amy Winehouse”, afirmou Hudson.
Na saída da clínica, o artista relatou que, se não buscasse tratamento, estaria morto. “Bebia um litro de uísque e um litro de vodka todo santo dia, no bico. Eu dormia com a garrafa do lado da cama. Era um descontrole total. Eu peguei minha vida, joguei dentro de um buraco e não tinha corda pra sair.”
“Eu via o diabo todo dia dentro de uma garrafa. Todo dia eu bebia o diabo. Todo dia eu trocava o almoço e meu café da manhã por uma talagada de uísque. A coisa saiu fora do normal. Eu vivia em prol do vício da bebida. Aí, entrei nessa de cocaína. Me internar foi a melhor coisa que eu fiz na vida.”
“Foram dois anos usando cocaína todo dia. Todo dia bebendo um litro de uísque, fumando maconha. Foi aí que eu definhei, caí no buraco”, contou. Hudson relatou que o vício piorou depois que a ex-mulher Larissa cometeu suicídio, em 2012. Agora, ele pretende se casar com a atual namorada, Thayra, em fevereiro de 2015. Ela é 24 anos mais nova que o sertanejo.
Antes de assumir o vício em drogas e álcool, Hudson chegou a ser preso duas vezes em um mesmo dia em março de 2013, em Limeira, por porte e posse ilegais de armas de fogo. Em dezembro, a Polícia Militar encontrou 20,69 gramas de maconha na bolsa do músico, mas um amigo assumiu ser dono da droga.
“Esse lance das armas foi um mal-entendido. A mídia interpretou de forma totalmente errada. Eu tenho diploma de atirador. Nunca tive arma para atirar nas pessoas. Nunca matei ninguém. Eu era esportista e minhas armas são todas registradas. Talvez eu até doe para a polícia essas armas que apreenderam.”
“Ficou parecendo que eu era um marginal, um bandido de facção criminosa… Isso deixou minha vida mais conturbada porque, na época, as pessoas acabaram interpretando mal. Acabou influenciando um pouco na carreira. A mídia marrom, infelizmente, existe. A coisa foi explicada de uma maneira muito distorcida.”
Na entrevista, o sertanejo relatou ter medo de sofrer uma recaída com álcool e drogas. “Não adianta ser hipócrita. Tenho medo sim, mas esse medo é bom, esse medo é que vai me manter afastado.” Hudson contou que teve 12 overdoses. “Na maioria das vezes, tinha gente perto, os amigos, tal. Na última overdose quem me levou ao hospital foi a Thayra. Foi quando eu disse: pra mim não dá mais!”
O psicoterapeuta Alexandre Cardoso Castanheira, que acompanhou Hudson na clínica de reabilitação, disse que o cantor passou pela desintoxicação com problemas graves de fígado e complicações. “Isso atrasou um pouco o processo terapêutico, mas ele conseguiu se recuperar e está bem. Ele tem tudo para continuar sua carreira, continuar uma vida nova”, relatou.
Edson afirmou que está feliz em ver o irmão recuperado. “Esse é o momento mais especial da minha vida”, afirmou. O pai da dupla quer os filhos juntos no palco em breve. “Eu fiz Edson e Hudson pra cantar junto, não sozinho. Meu filho praticamente estava morto, tinha dois meses de vida. Hoje posso bater no peito e gritar bem alto para o Brasil inteiro ouvir: eu sou um pai feliz, graças a Deus!”, desabafou emocionado.