Em época de eleições, percebe-se bem como o fanatismo domina muitas pessoas a ponto de terem seu raciocínio e bom senso turvados. Lembram aqueles torcedores fanáticos por times de futebol que marcam encontros com rivais e comparecem portando objetos, como barras de ferro, pedaços de madeira, prontos para matar ou morrer. Com esse tipo de ação, eles jamais farão com que os torcedores do time adversário venham a torcer pelo seu time.
Também em política se tem visto isso. Há eleitores que se fanatizam por determinados candidatos e saem ofendendo os candidatos oponentes. Ora, se você admira o seu candidato, a ofensa dada a ele, de alguma forma, o magoa também. Se quiser mostrar, mas sem ofensa, algo que o desabone, até mesmo a título de alerta ou esclarecimento, tudo bem. Porém, nunca com desrespeito, principalmente se a intenção for a de trazer o interlocutor a pensar como você.
Muitos candidatos, talvez influenciados por eleitores raivosos, fazem sua campanha somente denegrindo a imagem de seu opositor. Será que eles creem que, dessa forma, os votos que seriam dados ao outro viriam para eles? Não seria mais elegante e convincente se esses candidatos expusessem sua plataforma de trabalho e elencassem tudo que têm feito de bom pela comunidade, como um exemplo de seu modo de agir, de sua capacidade de trabalhar pelas outras pessoas?
Tal como no futebol, há inúmeras pessoas que são adeptas a determinados candidatos por mais que a mídia tente desestimulá-las. Os exemplos são muitos: os eleitores de Paulo Maluf votam nele independente de ele estar incluído na lista dos candidatos ficha-suja, de ter contra si dezenas de processos. Pelas pesquisas de intenção de votos será o terceiro deputado mais votado do Estado.
Pela mesma pesquisa, o candidato Tiririca será o mais votado. Alguém acredita que ele esteja realmente preparado para estudar as leis que irão regulamentar a vida dos cidadãos. Tanta gente reclama de leis muito frouxas, de normas legais que não dão segurança às pessoas, que são injustas, que não atendem aos anseios do povo, mas se esquecem de que quem faz, aprova ou desaprova as leis são os deputados, os senadores, os vereadores. Muitos eleitores votam com a maior displicência. Não querem nem saber se o candidato está preparado para exercer esse cargo de tanta responsabilidade. Votam e pronto. E aí continuam a criticar as leis que seus candidatos fizeram com o seu aval.
Outro exemplo característico é o do governo do PSDB em São Paulo. Há 20 anos no poder, adotaram um método de ensino que tirou toda a excelência da escola pública, de modo que hoje quem quiser que o filho aprenda alguma coisa tem que pagar uma escola particular. Criaram a promoção automática que impede que o aluno seja reprovado mesmo que não tenha aprendido nada. Isso é comparado ao doente que mesmo muito mal, é mandado para casa porque já ficou algum tempo no hospital e o seu leito deverá ser dado a outro doente. As três universidades paulistas USP, UNESP e UNICAMP estão há meses em greve pela situação de penúria em que se encontram.
O funcionalismo estadual empobreceu de tal forma que se diz hoje que holerite serve como atestado de pobreza. Por isso poucas pessoas cultas querem ser professores e a falta desse profissional é tão grande que aquele que cursar por 6 meses uma faculdade de formação de professor, já pode dar aula na rede estadual. Imaginem que aula!
Mas não pensem que isso tudo vai alterar a intenção de votar no PSDB no Estado. Quem é “tucano” vota em “tucano”, mesmo que se sinta prejudicado. O ideal é que não se ofenda ninguém e não se perca amizades devido às opiniões contrárias que outras pessoas possam ter. As eleições passam e as pessoas ao seu redor continuam as mesmas.
Isso é Democracia, onde o cidadão vota até contra si próprio, contra seus interesses mais básicos porque ele é o dono do seu voto e de sua vontade. Muitos já viveram o bastante para saber que é melhor poder votar da forma mais absurda possível, do que não ter o sagrado direito de votar.

Até quarta-feira

-Dracena-
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