Semana passada aconteceu o primeiro debate na televisão entre os presidenciáveis. Um debate que havia sido adiado por conta da morte do candidato Eduardo Campos e que superou, em partes, as expectativas do eleitorado. O pleito de 2014 já havia se mostrado indefinido após a morte de Campos, contudo, o debate apresentou a candidata do PSB disposta a embaralhar ainda mais o atual jogo político. 

Mas por que isso aconteceu após a morte de Campos? Fato é que entre Campos e Marina havia uma nítida diferença entre atributo político e eleitoral. Campos sem dúvidas tinha um histórico político mais fortificado por ter sido deputado, governador de Pernambuco e ministro do governo Lula. Contudo, apenas Marina tem encarnado o discurso de ser uma “terceira opção”, ou seja, uma alternativa para além da bipolaridade PT versus PSDB, que tem sido mantida desde as eleições de 1989.
O discurso de uma “nova opção” já foi atraente nas eleições de 2010 e tem agradado cada vez mais os eleitores jovens, os indecisos e aqueles que de fato acreditam na possibilidade de governar de forma distinta. O que de forma discursiva parece possível, o meio pragmático aponta futuros obstáculos caso Marina vença, tais como a construção de uma base de apoio no Congresso Nacional para governar.
Foi a partir do jogo de Marina que o saldo do debate para o candidato Aécio Neves pode ser considerado “negativo”. Marina não só ofuscou sua participação, como também tornou retrógrado o discurso do candidato do PSDB por fazer uso tanto de defesa quanto de ataque da mesma fonte: as políticas herdadas do governo de Fernando Henrique Cardoso. Um tema considerado esgotado e anacrônico após 12 anos de governo petista.
O saldo “mais equilibrado” ficou para atual presidente Dilma, que busca reeleição com base nas conquistas do seu próprio governo e tem apresentado com mais moderação os prosseguimentos das políticas sociais iniciadas durante o governo Lula.
Sem dúvidas um pleito nunca esteve tão incerto após o período da redemocratização no Brasil. Nesse sentido, os debates excedem o papel de confrontos ideológicos e tendem a terem uma função mais importante para a definição dos novos quadros, principalmente ao que se refere a formação de alianças e fortalecimento dos partidos políticos. Se isso se confirmar, o sistema democrático só tende a ganhar. Que venham os próximos debates.

*Formada em Ciências Sociais, mestre e doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atualmente estuda na University of Hull, na Inglaterra.