Passava pouco das 20h de ontem (19) quando um ônibus do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia chegou ao Sesc da cidade. Dele, alunos da escola desciam para assistir aos filmes das mostras de curta e longa-metragem que seriam exibidos na noite dessa sexta. Durante a semana, Gama, Taguatinga, Ceilândia e Sobradinho, cidades do Distrito Federal onde o 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro também ocorre neste ano, receberam diferentes turmas. A mostra também ocorre no Cine Brasília, no Plano Piloto.
O grupo de sexta a noite era composto pelos estudantes que fazem parte do 3º ano de turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O transporte é fornecido pela organização do festival. Tudo para incentivar a participação dos estudantes. “É a ideia de unir a cultura e a educação. Ao estar com as escolas, estamos trabalhando com a formação de público e também com a formação de pessoas por meio da arte”, disse Janaína André, coordenadora do festival nas cidades.
Janaina explica que, ao longo do dia, para cada atividade do festival, um grupo de estudantes é recebido. As crianças, participam do Festivalzinho (que exibe filmes de curta-metragem de animação e ficção com temática infantil). Já os alunos do ensino médio acompanham as mostras paralelas na parte da tarde. O EJA fica com o turno da noite, quando são exibidos os filmes da mostra competitiva. Tudo agendado e organizado previamente com a coordenação das escolas.
A professora de química Ladieslei Souto estava junto com as estudantes. “Eles vêm empolgados. A maioria deles nunca esteve em um local como este. Têm pouco acesso a atividades culturais e chegam ansiosos”, diz. Depois, todos apresentarão um trabalho sobre o material exibido.
João Mendes achou a ideia diferente a aprovou a iniciativa da escola. Ele assistiu aos dois curtas da noite: Vento Virado, do diretor Leonardo Cata Preta, e Geru, que tem a direção de Fábio Baldo e Tico Dias. “O segundo eu entendi melhor. A linguagem é bem diferente. Achei interessante”. De outra turma, Israel Andrade disse que foi uma boa oportunidade de ter uma aula diferente. “Foi legal ficar com a turma, mudar um pouco. Valeu a pena”.
Além dos estudantes do Centro de Ensino 09, o público também esteve no Sesc. A professora Luzinete Chagas viu no festival uma boa oportunidade para a sexta-feira. “Gostei do Pingo d’Água. Traz algumas reflexões sobre a morte, questões de relacionamento também. Achei o filme bom. Valeu a pena”, disse sobre o longa de Taciano Valério que encerrou a programação. Para que a cidade possa aproveitar ainda mais o evento, ela acredita que falta divulgação. “Eu acho a ideia ótima, mas teve pouca participação. Acredito que com uma divulgação melhor, vamos ter um público maior”.
A aluna de museologia Mônica Souza veio especialmente para ver o longa. Passou o dia na aula e quando estava indo embora lembrou que tinha a exibição ali, pertinho de casa. “Auxilia muito. Estando aqui, em dez minutos chego em casa. As pessoas não vão porque é longe, o metrô não funciona mais, o ônibus também é difícil a esta hora. Estar aqui foi um diferencial”.
Quanto aos filmes, ela disse ter gostado de todos. Confessa que, no início, não entendeu a história de um dos curtas, mas que depois conseguiu ver uma semelhança com o que estuda. “Depois pensei que ele estivesse falando de rituais e me lembrou até a museologia. O rapaz colecionava coisas e a senhora rezando. Acho que ele queria falar disso: coisas que tratamos como um ritual”.
Ao final da sessão, todos depositaram nas urnas as cédulas com a opinião sobre os filmes. O público das quatro cidades que participam do festival, além de Brasília, também ajuda a escolher o vencedor do júri popular.