Não! Não há como explicar… Paraentender, não precisa explicação. Basta ir a uma agência bancária, em um horário de pico comercial, e você vai sentir na pele, logo à entrada, a falta de respeito e descaso para com os clientes em geral.

As entidades bancárias estão, no momento, pouco se importando sobre qual o motivo do cliente estar ali, seja ele saudável ou doente, idoso ou aleijado, gestante ou com cria ao pé. O interessado se transforma apenas em mais uma peça viva no tabuleiro de atendimento, onde permanece à espera, durante muito tempo, até que o número da sua senha apareça num monitor. Só então é atendido.
A situação é perfeita. Existe até guichê, sempre vazio de funcionário, anunciando atendimentos especiais.
Constata-se, ao longo de algum tempo, oportunistas, com capacetes de motoboys, que adentram às pressas no estabelecimento e entregam alguns papeis e dinheiro para os velhos ou aleijados que estão sem pressa alguma ali aguardando com prioridade.
Alguns prioritários no atendimento têm a “profissão” de pagar contas de outros ou de empresas.
Todas as agências montaram verdadeiros auditórios no saguão de entrada, frente aos inúmeros guichês, com poltronas confortáveis, achando que isso resolvia o problema. Só isso…
Exemplificando, não será preciso desenhar para melhor entender: no último dia 9, pouco mais das 11 horas, o “auditório” de certa agência estava lotado.
Só em frente aos guichês, aguardando a lenta chamada, 14 usuários, todos sentados no conforto que o banco oferecia. Alguns velhos, com muletas ou bengalas, preenchendo a condição de prioridade no atendimento empunhavam as suas senhas numeradas não se sabe há quanto tempo.
Nenhuma prioridade, porque todos os guichês, excetuando um deles, se encontravam vazios, sem nenhum funcionário. O remédio era aguardar a vez.
E a vez não chega! O grupo aumenta. Uma senhora com cheques e dinheiro em valores elevados queria apenas depositar numa poupança. Outro, sem nenhum requisito de velhice ou aleijamento queria apenas pagar uma conta. Os demais, nem soubemos o porquê estavam no aguardo, mas suas fisionomias denotavam inquieta insatisfação.
Só uma despreparada funcionária tentando atender a todos. Ninguém se importa com ninguém. A agência não toma conhecimento que existe, faz algum tempo, uma medida judicial que determina aos usuários serem atendidos condignamente num certo prazo de alguns poucos minutos.
Para concluir: foram cronometrados exatos 29 minutos e, embora com senha de atendimento especial, não era previsível ser atendido em menos de uma hora.
Será que as coisas mudaram com esse tácito e triste desmando que vivemos politicamente nos dias de hoje? Será que o povo que acorre aos bancos, feito pacíficos cordeiros ou palhaços, se acomodaram, de vez? Será que tudo não tem mais jeito, mesmo?
Bom… os velhos, as gestantes e os deficientes físicos que se danem. Não precisam de atendimento especial. Todos, mas todos mesmo, precisam ser atendidos com menos lentidão e mais o respeito, o que não existe.
Ao desistir do atendimento, obviamente com uma aparente vontade de “rodar a baiana”, bastou perceber que os, aparentemente inofensivos, brutamontes da segurança já se encontravam a postos em observação e alerta para coibir qualquer reclamação.
E a determinação judicial, a Lei? Ora… a Lei… existe, segundo a política atuante no Brasil, para ser desrespeitada e não cumprida.
Ah! Faltou informar qual é o banco em pauta. Não precisa: são todos os bancos. Um pior que outro, sem mandos e sem gerências que denotem qualquer preocupação de disciplina que favoreça o cliente. Sem fiscalização para impedir os furadores de fila profissionais. E tantas outras irregularidades que se verificam.
Os administradores e funcionários dos bancos, em sua defesa, podem provar o contrário se ainda tiverem algum resquício de dignidade…
Difícil, “né”?…

*jornalista e atual presidente da Academia Paulista de Jornalismo.