Às vezes, no afã de se auto-elogiar, muitas pessoas acabam por denegrir a classe a que pertencem. Um exemplo típico é o de alguns políticos. No desespero de mostrar que são os únicos honestos, confiáveis e dignos de receberem o voto do eleitor, acabam por extrapolar o bom senso e saem generalizando uma suposta desonestidade que, no seu dizer, é comum a todos os outros políticos.
Daí a descrença de grande parcela da população que acaba por achar que todo político é malandro, é corrupto, que só quer se sair bem à custa do cargo a que pretende se eleger. Com isso, todo sacrifício, toda renúncia de que é capaz o bom político para trabalhar para o bem público acaba por não ser reconhecido.
Para piorar, no desespero para conseguir votos, muitos ainda saem prometendo coisas que não são da alçada do cargo que eles pretendem ocupar. Alguns candidatos a deputado e senador costumam prometer pontes, estradas, hospitais, escolas e outras obras que não fazem parte das atribuições de um legislador, que é o que eles pretendem ser. Eles podem, em alguns casos, propor leis, aprovar umas, vetar outras. Como no Brasil criou-se uma verba para legisladores que pode ser destinada a obras ou entidades assistenciais, muitos a doam para locais de onde veio a maioria de seus votos. Mas são quantias relativamente modestas.
O que eles realmente podem fazer, além de sua tarefa principal de legislar, é relacionar-se bem com o executivo e convencê-lo a investir numa obra de vulto para determinada comunidade, como o Poupatempo que, a pedido do prefeito, veio para Dracena.
Mesmo os candidatos ao executivo, que são inúmeros nesta próxima eleição, também não poderiam ficar prometendo coisas da forma como muitos fazem: “Vou acabar com a reeleição e estender o mandato presidencial para cinco anos”. Ora, um presidente não tem autoridade para mudar o sistema eleitoral. Ele pode “propor” ao Congresso essa alteração, mas quem decide são os parlamentares. Se aceitarem a mudança, tudo bem. Se não aceitarem, fica tudo como está.
Há candidatos que vão para a televisão e dizem, sem nenhum constrangimento, que vão acabar com a inflação, que vão aumentar o número de empregos, que vão baixar os impostos, que estudantes de escolas públicas viajarão de graça nos ônibus e outras bondades. É uma pena que eles não dizem como farão tudo isso.
Como se diminui ou se acaba com a inflação? É fácil assim? É só dizer: “inflação, acabe! E ela acaba? Como baixar os impostos, se sem eles não há como manter o país? Afinal, o governo não fabrica dinheiro, apenas se utiliza do dinheiro arrecadado dos impostos para a construção e conservação de estradas, construção e manutenção de hospitais, escolas; para o pagamento de todo o funcionalismo público; para a assistência social, para todos os projetos científicos e agrícolas, para financiar o comércio, a indústria e mais milhares de setores?
Como dar ônibus de graça? Quem vai pagar o combustível, os motoristas, os cobradores, os pneus e tudo o mais? Assim, fica fácil. O candidato promete sem dizer de onde sairão os recursos. Infelizmente, ainda há pessoas tão simples que acreditam nessas promessas mirabolantes.
Dificuldades existem e governar é muitíssimo complicado. Qualquer problema em um país repercute em muitos outros. E o que se pode esperar de um governante não é que ele faça esses “milagres”, mas que tenha a seriedade e o bom senso necessários para gerir os destinos do país. Dificuldades sempre existirão.

Até quarta-feira
Thereza Pitta
-Dracena-
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