O Evangelho de Mat. (21, 28 – 32), Jesus conta história do Pai e seus dois filhos. Pai representa Deus, que convida os filhos para trabalhar na vinha. Filhos somos nós e temos dois tipos de filhos. Quando o Pai convidou o filho mais velho para trabalhar na vinha, ele respondeu que não ia trabalhar e depois arrependeu e foi. Ele representa os marginalizados, que estão excluídos da sociedade pelos que se consideram justos. Esses marginalizados, ainda que aos olhos da sociedade parece dizer não a Deus, na verdade aceitam o convite de trabalhar na vinhas de Deus.
Atualmente, quando nos referimos aos pobres de modo particular do Brasil estamos incluindo nesta categoria a maioria da população. Neste continente, são os pobres, os indígenas, os camponeses, os operários, os subempregados e os desempregados.
O fenômeno da pobreza já não é mais considerado um fato isolado, de natureza física ou racional, mas conseqüência do sistema capitalista aqui vigente que usa os bens da maioria para criar uma pequena classe milionários. E este sistema estrutura-se em bases injustas tanto em nível internacional como nacional.
Assim, os pobres de hoje já não são mais aqueles que não tem condições de trabalhar, mas, ao contrario, são os que produzem a maior parte da riquezas do mundo, e que seria suficiente para todos levarem uma vida digna.
Por isso, não se pode chamá-lo simplesmente de pobres, mas de empobrecidos, oprimidos, marginalizados pelo sistema capitalista que os programa segundo seus próprios interesses. Portanto, este pobre não são frutos do acaso, ou das mas condições de vida, e sim conseqüência da aplicação de leis injustas feitas pelo grupo opressor, e impostas para o grupo oprimido através da violência e da repressão.
A política dos países denominados desenvolvidas gera os países dependentes que eles chamam de países do terceiro mundo. E, no interior destes países, o grupo dos milionários colabora para que esta política internacional se desenvolva e cada vez mais oprima com suas imposições a maioria da população.
Disso tudo conclui-se que a política mundial está assentada em base injusta, violenta, e anti-evangélicas. Portanto, não está a serviço do bem comum e do desenvolvimento dos povos, mas a serviço dos poderosos que usam indevidamente do poder estatal ou dos bens comuns, aplicando-os para manter pela força do próprio poder e para espalhar suas ideologias e seus interesses econômicos pelo mundo, através de guerras programadas e de grande industria armamentista.
E como se tudo isso não bastasse, provocam ainda outra guerra mais cruel, porque mata disfarçadamente pela fome milhões de pessoas por ano.
O filho mais novo respondeu, sim Senhor, como um ótimo filho, mas acabou não indo trabalhar. Não quis comprometer com reino da justiça, com o trabalho na vinha. Esse filho representa as lideranças do povo, os poderosos, que mantém uma sociedade injusta, e não aceitam o convite de trabalhar na vinha de Deus.
No sermão da montanha, Jesus declara abertamente que são felizes aqueles que choram, que são mansos, que passam fome, que são misericordiosos, que tem o coração puro e que são pobre. Na verdade Jesus não fazia distinção de pessoa. Entretanto, preferiu nascer pobre, viver no meio dos pobres e anunciar-lhes o Reino de Deus.
Não é Jesus que os rejeita, é a maioria dos ricos que, pelas condições de vida que criam para si, espontaneamente se afasta dele. Havia e há exceções. Todos os ricos que procuram Jesus e que se mostraram dispostos a mudar de vida foram sempre acolhidos por ele.
Os cobradores de impostos e as prostitutas eram considerados os maiores pecadores são os marginalizados. Jesus porém, diz que são eles que entrarão no Reino, porque acreditaram na Palavra de Deus e agora seguem a Jesus.
Assim, quem entra no Reino da Justiça no Reino de Deus, são aqueles que praticam a justiça. Por isso, somos todos convidados a participar na comunidade que celebra e alimenta em vida de fé na caminhada, para buscar critério de fé num processo permanente.
*Contador; coordenador da Comunidade Eclesial da Base (CEB’s); ministro da palavra e celebração Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida de Dracena.