“Eu tenho de tirar isso de dentro de mim.” A frase é do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, e foi proferida na manhã de ontem, 17, antes de seu novo depoimento à polícia, no qual confessou o assassinato de 39 pessoas, em Goiânia.
Segundo o advogado dele, Thiago Huáscar Santana Vidal, antes de começar ele orientou seu cliente a usar o direito constitucional de ficar calado. “Algemado, ele bateu as mãos na mesa e disse: ‘Não, eu vou falar. Eu tenho de tirar isso dentro de mim’”, contou.
O advogado diz que ficou surpreso com a declaração. “Infelizmente, de tudo o que ouvi, eu saí perplexo. Eu pensei que talvez a polícia, um caso ou outro, estaria imputando a ele [crime não cometido], mas ele narrou com riqueza de detalhe e peculiaridade todas as mortes.”
Nos últimos dias, Vidal havia dito que seu cliente confessara os homicídios sob pressão da polícia, logo após a prisão dele na noite de terça-feira, 14. O advogado pediu que Rocha fosse ouvido mais uma vez pelos policiais, desta vez em sua presença.
O novo depoimento foi tomado entre a noite de quinta-feira, 16, e a manhã de hoje.O defensor contou que, enquanto seu cliente falava, acompanhava o inquérito para ver se havia alguma incoerência entre o primeiro e o segundo depoimento. “Mas não teve dúvida. Realmente foi encaixando tudo.”
Os primeiros dos 39 crimes foram cometidos em 2011. Entre os homicídios estão a série de 15 mulheres mortas este ano. As demais vítimas são homossexuais, prostitutas e moradores de rua.