A escassez de pastagem na região, associada ao longo período de seca registrado nesse ano, resultou na falta de gado para abate nos frigoríficos da região e como consequência o preço da carne para o consumidor sofreu novos reajuste
A alta no preço da carne, estimada em 3,17% em setembro, foi a principal causa do índice da inflação (IPCA), no mês passado, 0,57%, em agosto, foi de 0,25%. Essa é a maior alta de preços mensal das carnes desde outubro de 2013, quando teve a mesma taxa (3,17%). Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O gerente comercial do Frigorífico Santa Helena, de Monte Castelo, Daniel de Souza Freire, confirma que é grande a dificuldade para encontrar gado para abate na região.
Ele explica que essa situação está ocorrendo há cerca de três meses. “A falta de pastagem na região, substituída pela cana-de-açúcar e a seca prolongada desse ano reduziram ainda mais a oferta de gado para o abate”, salienta.
O gerente acrescenta que a cada ano, os pastos ficam mais secos e a oferta da matéria prima (gado) diminui. “Com isso, há o aumento no preço, é a lei da oferta e da procura”, acrescenta o gerente. Freire calcula que o preço do gado para abate aumentou em até 10% nos últimos meses.
REDUÇÃO NO ABATE – Apesar das dificuldades de encontrar gado de corte na região, o gerente explica que o frigorífico ainda está conseguindo adquirir gado na região. Caso a empresa tenha que comprar a matéria prima em outras regiões do Estado, o preço de entrega para açougues e mercados será maior, devido os custos de transportes.
“Mas as compras diminuíram e as vendas também”, confirma Freire. Ele avalia que nessa alta dos preços e a falta da oferta de gado, os abates no frigorífico caíram cerca de 20%.
Sobre a preferência de produtores em exportar o gado, por vender em dólares, como vem apontando os analistas de mercado, isso gerou a alta do produto no mercado interno, o gerente explica que para a região não há esse reflexo. “Os fatores preponderantes são mesmo a falta de pastagem e a seca que encareceu os custos de engorda do rebanho”, conclui.
EMBUTIDOS – A dificuldade de encontrar carne no mercado regional, afeta também a produção de embutidos como apresuntados, linguiça calabresa, salsicha, entre outros.
“Não é só a carne bovina que subiu e está difícil para encontrar, isso também ocorre com os suínos”, revela o proprietário do frigorífico Ouro Frig, Valdir Gaiola. Segundo ele, o aumento em média tanto da carne de gado como a de porco para a fabricação dos embutidos, chegou a 15% nos últimos meses. “Reajuste que infelizmente tivemos que repassar ao consumidor”, pondera Gaiola. Apesar disso, o proprietário informa que o mercado de embutidos vem se mantendo estável. “No nosso ramo, as vendas estão mantidas, quando o preço da carne aumenta, o consumidor opta pelo embutido”, informa. Tanto o gerente comercial do frigorífico Santa Helena, como o proprietário do Ouro Frig confirmam que as dificuldades para adquirir o gado, suínos a carne, assim como os preços, estão maiores em relação aos anos anteriores. A tendência até o final do ano, quando o consumo aumenta, de acordo com os empresários é que os preços continuem em alta.