Sim. Eu não queria ser, mas a sou. Senti na pele o sabor, o peso de ser professora, artista, autônoma, dizer o que deve ser dito. Arrojada, cultuar a linguagem dita, não ter medo, ser autêntica, realista, independente do que querem que eu siga/dita. Dormir com a consciência limpa, tranquila, não preocupar com as más línguas, o que acham, pensam ou meditam. E com autenticidade, verdades diagnósticas, trabalhar em cima das necessidades dos alunos. Ou seja, o que precisa mudar e o que se aplica. Utilizar a disciplina/conteúdo interagindo sabiamente, contextualizando e em transversalidade, multiplicidade.

O ser professor é não ser limitado ao que um “sistema” pensa e dita. Pensar é diferente. Agir conforme a realidade é quisto. Sem trave. E se transpor, não é preencher fichinhas, cadernetas perfeitamente copiadas, registradas para outros verem, o “faz de conta”, autenticidade, sim.
A missão desse profissional, não é ouvir mensagens de lavagens celebrais em HTPCS e nem mesmo tido como ser perfeito ou errado, mas sim um crítico construtivo, formador de opinião, equalizador, aprendendo humildemente a aprender, investindo consciente. Rumar em “N” direções, os questionamentos, as soluções, atuar, extrapolar, crescer, ascendentemente e não ouvir ameaças à cumprir regras ultrapassadas que viram feridas abertas, de alguém que te sopra, ou se acha e se diz superior.
Espiritual carente. Regras limitam-nos. Diálogos, reflexões sim, acrescem. Deixe- os na sala fluírem.
O que é ser superior? Passar em concursos? Ser ouvido e aceitado por quase todos ou todos. Ou ouvir e ser ouvido com a chamada sapiência? Isso esta na lei? Ser professor é ter bom senso, ser capaz de discernir o que é melhor à formação, adequando os conhecimentos às necessidades vindouras. Fazer do aluno um conhecedor, vitorioso, feliz, um sonhador desejoso a continuar, conquistando espaços, se sentindo capaz, competente, auto realizando, identificando-se socialmente.
Professores, não são a burocracia, mas sim, gente como outras, enriquecidos, competentes. Obras divinas que Deus esculpiu e as preencheu com sabedoria e paciência, deixou no mundo para serem bisbilhotados, são almas a serem seguidas, infindas, inovadas. E mais, é chama ascendente que oportuniza os leigos a serem, verem. Os cegos a sentirem, surdos a observarem, cadeirantes, acamados a andarem com os olhos da imaginação, força e transposição, perseverança nos múltiplos sentidos, que estimulam, despertam o senso da indignação sobre os porquês, das suas/nossas mutilações, tornando-se questionadores, formadores de opiniões e outras pedras no sapato de sabichões.
Ser professor é não aceitar ser engolido pelo bulling escolar e social. E sim, persistir, acreditar, aprofundar e defender aquilo que no âmago d´alma lhe fala mais alto para a construção do bem. Acreditar que somos capazes de transformar a humanidade, construindo uma linguagem dialógica divergente, diferenciada desse ultrapassado, acuado conservadorismo, doentio, hereditário.
Dizendo assim, pergunto: Os candidatos eleitos nessa eleição 2014 (digo: deputados, senadores), em sua maioria são da elite ou de classe média, ou pobre? E o povo brasileiro conhece, entende sobre o que é uma coligação? E partidos, candidatos?
Professores abram suas asas e verão que são capazes de voarem, voem diferente, impar. A diferença é o que nos faz tão competentes, suficientes na imensidão. E perseguidos por incompetentes, justamente por nossas atuações em massa. Desistir, nunca. Demonstrar a realidade, sim. Construir novos pilares, inovar e cientificar é a nossa meta.
Parabéns pelo marco histórico nesse país. Todos os dias deveriam ser “O Dia do Professor”, pela fidelidade, coragem de enfrentar as salas de aulas, responsabilidades, independente dos míseros salários, para quem tanto se doou em faculdades/ universidades, acreditando, investindo em cidadãos. Somos exemplos incansáveis, incontestáveis em prol do bem comum, de um Brasil melhor e um mundo igual para todos. Justo.

*professora de Arte; especialista em Artes Cênicas e radialista.