A educação ambiental é uma das atribuições do Batalhão de Polícia Militar Ambiental que tem como um dos objetivos instruir a população sobre a legislação ambiental e ressaltar a importância da preservação da fauna e da flora visando assim, uma melhor qualidade de vida. Em entrevista ao Jornal Regional, o tenente Thiago Soto, comandante do Pelotão da Polícia Militar Ambiental na microrregião de Dracena, falou um pouco mais sobre os trabalhos realizados nesta região.
Segundo ele, os principais problemas enfrentados variam de acordo com cada período do ano. Na temporada de estiagem, por exemplo, os rios estão baixos e não há tantas ocorrências. A partir de outubro a fiscalização é voltada para a pesca predatória. Soto afirmou que a cultura da pesca na região é muito alta, mas muitos pescadores não se preocupam com as normas e proibição de determinadas áreas do Rio Paraná.
O tenente ainda ressaltou que o acesso as matas e rios ficaram muito fáceis com o passar dos anos. “Antigamente as propriedades rurais possuíam cercas e porteiras, o que dificultava o acesso. Os donos de propriedade rurais contribuíam com as denúncias nessas localidades devido um contato mais próximo com o policial ambiental. Porém, com a entrada da cana-de-açúcar, os próprios carreadores possibilitaram a entrada em matas e rios, o que potencializa as infrações ambientais, como pesca e caça”, disse.
ANIMAIS – Muitas pessoas recorrem a Polícia Militar Ambiental ao encontrar animais silvestres em território rural e urbano. Soto recomenda que animais encontrados juntamente com seus ninhos em locais dentro ou fora do seu habitat não devem ser removidos. “Quando esses animais constroem seus ninhos mesmo em áreas urbanas não têm o que fazer. Porém se o animal aparece dentro de uma residência, a polícia ambiental pode ser chamada para retirá-lo. Caso o animal esteja saudável, serão realizados os procedimentos necessários para a soltura em seu habitat.
O tenente avisou que parte da população ainda desconhece os procedimentos necessários e o que muitos ainda não sabem é que retirar animais dos ninhos é crime ambiental. O acesso desses animais em forros, telhas, estruturas metálicas, entre outros ambientes residenciais e comerciais deve ser evitado, mas após o animal se instalar e procriar, até que o mesmo decida ir embora, não pode ser retirado do local.
Caso o animal esteja ferido, o indivíduo deverá informar à Polícia Ambiental que conta com a colaboração de alguns veterinários para que sejam realizados os procedimentos curativos necessários, e quando estiverem em boas condições, retornam à natureza.
O Corpo de Bombeiros atua em parceria com a Polícia Ambiental. Em alguns momentos, os bombeiros também realizam a captura ou resgate de animais.
O comandante assegurou que aqueles que possuem animais em casa como, por exemplo, araras e papagaios, entregarem de forma voluntária não acarretará nenhum tipo de infração. O objetivo é acabar com uma tradição antiga, onde muitas famílias criam animais silvestres. Ficando em residências faz com que essa tradição pode se disseminar. É crime e gera consequências como tráfico de animais silvestres, gerando responsabilidades administrativas através de multa.
O comandante informou que animais que apresentarem mansidão não são solto na natureza e costumam serem encaminhados para a Associação de Proteção aos Animais (APA), em Assis, que é o único local autorizado pelo Ibama e Secretaria de Meio Ambiente do Estado, a receber esses animais que foram criados como animais domésticos, onde é realizado todo um trabalho para que eles possam ser soltos futuramente.
Soto também recomendou que os pescadores amadores ou profissionais devem respeitar o tamanho dos peixes e quantidade estipulada. É necessário utilizar somente materiais e apetrechos permitidos, e denunciar aqueles que estiverem desrespeitando as leis.
CONSCIENTIZAÇÃO – Em todas as ocorrências ambientais é realizada uma orientação de normas ambientais em vigor, onde é explicada a importância das regras para o meio ambiente. Soto salientou que não cabe somente a Polícia Ambiental fazer trabalhos de conscientização com a população. Ela deve vir da própria sociedade, através de escolas, igrejas e prefeituras. “A conscientização vai começar a valer à pena quando os cidadãos começarem a repassá-las para os demais”, intensificou Soto.
Ele ainda mencionou que a autuação não serve como conscientização. Um dos trabalhos mais eficientes que tem sido realizado atualmente é a conscientização através das denúncias onde várias orientações são repassadas. Outra forma de disseminar orientações sobre a preservação do meio ambiente são as feiras verdes, como por exemplo, a Expo Verde em Adamantina, realizada todos os anos. “Deveria haver mais eventos como esse para divulgar melhor orientação e ajudar na disseminação dessas informações”, mencionou Soto.
Neste período, mesmo com vários registros de queimadas na região, este número diminuiu significativamente. Um dos motivos da queda é a extinção de colocar fogo na palha da cana-de-açúcar dando lugar as colheitas mecanizadas. As queimas estão ocorrendo em pequenas áreas, mas quando ocorrem em grandes áreas não estão sendo propositais. A queima dolosa diminuiu muito na região. Ainda existem algumas irregularidades, mas o indivíduo é investigado e autuado.
“É importante a participação da população. A maior fiscalização é quando cada cidadão começa a olhar pro lado e perceber as infrações ambientais que trazem prejuízo para o próximo. A partir do momento que cada cidadão tiver a consciência e acionar as autoridades, teremos uma fiscalização afetiva para começarmos a falar em prevenção”, ressaltou o tenente.
Formado na Academia de Polícia do Barro Branco, o tenente Thiago Soto chegou a Dracena em junho de 2011. O 2º pelotão de Dracena abrange 22 municípios e conta com um efetivo de 26 policiais, distribuídos nas bases de Panorama e Dracena.
SERVIÇO – A comunidade pode acionar a Polícia Militar Ambiental através do 190 e pelos telefones do pelotão (18) 3821-1069 ou 3822-4703. A solicitação de vistorias e denúncias da população contribui com o combate das infrações.