O vazamento dos nomes dos prováveis integrantes da nova equipe econômica deu largada a especulações sobre como deverá ser o relacionamento entre Joaquim Levy e Nelson Barbosa no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Mesmo sem a confirmação oficial, analistas avaliam como positiva a indicação de Levy para a Fazenda, mas temem pelo seu pouco traquejo político em um momento de dificuldades na economia.
Ex-secretário do Tesouro no primeiro governo Lula, Levy é reconhecido por praticar políticas de austeridade no setor público. Na sua gestão, o governo federal fez o maior esforço fiscal desde o início do tripé macroeconômico, em 1999.
Ele também comandou a Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro antes de ir para a gestora do Bradesco. No Estado, reverteu deficit orçamentários e levou o Rio ao grau de investimento em 2010.
Pessoas próximas a ele afirmam que, “com certeza”, Levy vai buscar o superavit nas contas do governo federal, hoje deficitárias. E ainda vai encerrar a fase de “contabilidade criativa” do governo, que são manobras para despistar a piora das contas do governo.
Por outro lado, observam que Levy tem pouca habilidade política e que, por isso, pode sofrer com o “fogo amigo” dos petistas. Outra pessoa próxima do economista classifica Levy como “trator” e que deverá implementar o que considera que é certo sem avaliar possíveis danos políticos.
Esse comportamento pode colocá-lo em choque com Nelson Barbosa, que tem formação mais desenvolvimentista e, por isso, é mais próximo de Dilma. “A sensação é de que haverá um conflito constante nos bastidores”, diz a fonte, que preferiu manter-se em sigilo até que os nomes sejam confirmados.
Se Levy for confirmado, deverá ser o único liberal na equipe econômica de Dilma.
É um cenário diferente do que enfrentou quando esteve no governo Lula. Naquela época, ele trabalhou com Murilo Portugal (atualmente presidente da Febraban), Marcos Lisboa (hoje no Insper) e Bernard Appy, além de Henrique Meirelles no comando do Banco Central. Todos são economistas com formação mais próxima à sua.
Isso pode afetar a capacidade de Levy de levar a cabo as medidas de austeridade. Para conseguir colocá-las em prática, como fez no Rio, será necessário que Dilma encampe essas decisões, que podem ser politicamente duras e que afetam despesas de outras áreas do governo.